Os preços do petróleo registaram uma nova subida nesta terça-feira, impulsionados pelas crescentes tensões geopolíticas resultantes das ameaças do antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas secundárias ao petróleo russo e de lançar ataques ao Irão. No entanto, as preocupações com o impacto de uma eventual guerra comercial sobre o crescimento económico global continuam a conter os ganhos do mercado.
O Brent avançou 0,2%, fixando-se em 74,93 dólares por barril, enquanto o petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) também subiu 0,2%, cotando-se a 71,61 dólares.
Segundo Yeap Jun Rong, estratega de mercado da IG, “os riscos de curto prazo estão enviesados para o lado positivo”, numa referência às ameaças norte-americanas que poderão resultar numa oferta global mais apertada. Contudo, o especialista alerta para os factores que continuam a pesar negativamente sobre a procura global, nomeadamente as tarifas comerciais e a possível retoma da produção por parte da OPEP+ e dos Estados Unidos.
Uma sondagem da Reuters, realizada em Março junto de 49 economistas e analistas, indicava que os preços do petróleo deverão manter-se sob pressão em 2025, reflectindo o abrandamento económico na Índia e na China, assim como o impacto de novas tarifas comerciais americanas.
No domingo, Trump afirmara à NBC News estar “muito zangado” com o Presidente russo Vladimir Putin, ameaçando aplicar tarifas secundárias de 25% a 50% sobre os compradores de petróleo russo. A medida visaria travar os esforços de Moscovo na guerra da Ucrânia, mas poderia igualmente comprometer o abastecimento global, afectando grandes clientes como a China e a Índia.
Adicionalmente, o Irão também foi alvo de ameaças por parte do antigo Presidente, que indicou a possibilidade de tarifas e bombardeamentos, caso Teerão não aceite um novo acordo sobre o seu programa nuclear.
Para os analistas do ING, estas declarações, embora ainda não concretizadas, representam um potencial risco em alta para os preços do crude, dada a importância dos volumes exportados tanto pela Rússia como pelo Irão.
Entretanto, os mercados aguardam com expectativa os dados semanais do American Petroleum Institute (API) e da Energy Information Administration (EIA). A estimativa média de cinco analistas consultados pela Reuters aponta para uma queda de 2,1 milhões de barris nos inventários norte-americanos, na semana terminada a 28 de Março.
A contribuir para o optimismo no mercado está também um dólar mais fraco, que torna o petróleo mais acessível aos compradores detentores de outras moedas.
Fonte: O Económico