Destaques
Os preços do petróleo registaram uma ligeira recuperação esta terça-feira, impulsionados por movimentos técnicos de cobertura de posições curtas, após a queda abrupta do início da semana. Apesar da subida, persistem receios sobre os efeitos das tarifas comerciais e da incerteza em torno da política monetária dos Estados Unidos sobre a procura global de combustível.
O barril de Brent subiu 36 cêntimos (0,5%), situando-se nos 66,62 USD, enquanto o WTI para entrega em Maio avançou 65 cêntimos (1%), fixando-se nos 63,73 USD. O contrato mais negociado, para Junho, subiu 0,7%, para 62,84 USD.
A recuperação ocorre após quedas superiores a 2% registadas na sessão anterior, motivadas por avanços nas conversações entre Washington e Teerão sobre um novo acordo nuclear, o que poderá conduzir ao alívio das sanções e ao aumento das exportações iranianas — diminuindo assim os riscos de restrição de oferta no mercado internacional.
Segundo Hiroyuki Kikukawa, estratega da Nissan Securities, “emergiu alguma cobertura técnica após a forte liquidação de segunda-feira”, embora tenha alertado que “a guerra comercial e os riscos de recessão continuam a influenciar negativamente o mercado”.
As declarações recentes do Presidente Donald Trump, que voltou a pressionar pela redução das taxas de juro e criticou abertamente o Presidente da Reserva Federal, aumentaram o nervosismo nos mercados. As principais bolsas norte-americanas recuaram, e o índice do dólar caiu para mínimos de três anos.
Kikukawa observa que “a incerteza crescente em torno da política monetária dos EUA poderá afectar negativamente os mercados financeiros e a economia como um todo, o que pode conduzir a uma redução da procura de petróleo”.
Uma sondagem da Reuters indicou que a mediana de probabilidade de recessão nos EUA nos próximos 12 meses aproxima-se dos 50%, reflectindo as crescentes preocupações sobre os impactos económicos das tarifas e da instabilidade política e monetária.
Por outro lado, uma sondagem preliminar sugere que os stocks de crude e gasolina nos EUA terão caído na última semana, o que poderá oferecer algum suporte adicional aos preços, enquanto os inventários de destilados devem ter subido.
A nível internacional, a Rússia reviu em baixa a sua previsão para o preço médio do Brent em 2025, cortando quase 17% em relação às estimativas anteriores, sinalizando expectativas mais moderadas no médio prazo.
Fonte: O Económico