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Os preços do petróleo subiram ligeiramente esta sexta-feira, impulsionados por declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a possibilidade de novas sanções à Rússia. A recuperação ocorre após uma sessão de perdas acentuadas, mas o aumento da produção da OPEP+ e as incertezas comerciais continuam a exercer pressão sobre o mercado.
O Brent avançou 0,28% para 68,83 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) ganhou 0,36%, fixando-se em 66,81 dólares, segundo dados da sessão asiática. A recuperação modesta segue-se a uma queda superior a 2% registada na véspera, quando os investidores reagiram negativamente à evolução da política tarifária de Trump e às suas potenciais implicações na procura global de energia.
“A subida dos preços hoje reflecte uma tentativa de compensar as perdas recentes, após o anúncio de Trump de que fará uma ‘declaração importante’ sobre a Rússia na próxima segunda-feira”, escreveram analistas do ING em nota enviada a clientes. A tensão prende-se com o desagrado crescente da Casa Branca face à actuação militar de Moscovo na Ucrânia, especialmente os bombardeamentos intensificados contra cidades ucranianas.
As preocupações geopolíticas cruzam-se com uma conjuntura de mercado marcada por factores contraditórios. Por um lado, há sinais positivos de recuperação da procura, incluindo o aumento das exportações sauditas para a China — que deverão atingir 51 milhões de barris em Agosto, o maior volume em mais de dois anos. Por outro, os ataques Houthi ao tráfego marítimo no Mar Vermelho adicionam um prémio de risco à oferta.
Contudo, o anúncio de que a OPEP+ — grupo que inclui a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados — vai aumentar a produção em 548 mil barris por dia em Agosto limita a trajectória ascendente dos preços. Segundo analistas da ING, é expectável mais um aumento em Setembro antes de uma eventual pausa.
A elevação da produção, num contexto de desaceleração na procura, deverá empurrar o mercado para um excedente significativo no quarto trimestre do ano, o que poderá ampliar a pressão descendente sobre os preços.
Neste contexto, a OPEP reviu em baixa as suas projecções de procura global para os anos de 2026 a 2029. No seu World Oil Outlook 2025, a organização prevê uma média de 106,3 milhões de barris por dia em 2026, contra os 108 milhões estimados no relatório anterior. A correcção deve-se sobretudo à desaceleração da procura chinesa.
Apesar da volatilidade dos mercados, os fundamentos continuam sensíveis a desenvolvimentos políticos e estratégicos. Investidores mantêm-se atentos à declaração anunciada por Trump e aos seus desdobramentos na política externa e energética dos EUA.
Fonte: O Económico