No terceiro e último dia da sua visita à província de Manica, o Chefe do Estado, Daniel Chapo, escalou o distrito de Sussundenga para presidir ao lançamento da Campanha de Comercialização Agrária 2025, numa cerimónia marcada por referências à resiliência popular e aos desafios económicos enfrentados pelo país.
O Chefe do Estado moçambicano afirmou que a campanha deste ano é um caminho para o alcance da independência económica do país. “É com muita esperança e profundo optimismo que hoje nos reunimos aqui, em Sussundenga, para testemunhar o lançamento oficial da Campanha de Comercialização Agrária 2025”, declarou o governante, no início da cerimónia, sublinhando ainda que, “com este acto, damos hoje mais um passo firme na construção da nossa tão almejada independência económica de Moçambique, alicerçada numa diversificação sólida e numa economia que valoriza cada recurso, cada mão que trabalha a terra e cada semente que germina neste solo pátrio, Moçambique”, disse.
Chapo afirmou ainda que a comercialização agrária é o elo essencial entre o trabalho dos camponeses e a industrialização de Moçambique.
Durante o seu discurso, o estadista recordou que o país atravessou, recentemente, um período difícil, marcado por manifestações violentas e fenómenos climáticos extremos, como os ciclones Dikeledi, Chido e Jude. Esses eventos resultaram na destruição de infra-estruturas e numa contracção do Produto Interno Bruto (PIB) em cerca de 4,9 por cento.
“No entanto, convém aqui sublinhar a extraordinária resiliência do nosso povo. Vimos vizinhos ajudando vizinhos a reconstruir celeiros; comunidades reconstruindo estradas; mulheres a reerguerem as suas bancas de venda; os jovens carregando cestas de sementes para repor o que tinha sido perdido. Se não fosse essa resiliência do povo moçambicano, um povo unido, do Rovuma ao Maputo, e diante de qualquer adversidade, sejam os ciclones Idai, Jude, Dikeledi, Kenneth; Covid-19; manifestações violentas, ilegais e criminosas, o povo moçambicano continua firme na paz e no desenvolvimento deste Moçambique. Se não fosse a resiliência deste povo, os 4,9% negativos no nosso PIB seriam mais do que isso”, afirmou, destacando que esse exemplo de união e coragem “reforça a convicção de que a comercialização agrária só floresce se plantarmos, antes, as sementes da solidariedade, de cooperação e amor ao próximo entre o povo moçambicano”.
Apesar das adversidades, os resultados da Campanha Agrária 2024 foram animadores, de acordo com o estadista, até porque “foram comercializadas 20 milhões 104 mil e 301 toneladas de produtos diversos, contra 17 milhões, 257 mil e 904 toneladas registadas em 2023, correspondentes a um crescimento na ordem de 14% e uma realização de 16% do planificado”, com destaque para as províncias de Nampula e Maputo, que contribuíram com 25 e 18 por cento, respectivamente.
Com o lema “Comercialização Agrária como factor Dinamizador da Economia Local e Industrialização”, o Governo projecta um crescimento de cinco para 2025, sustentado pela expansão da área cultivada, aumento do número de famílias agrícolas e estímulo ao investimento.
Para tal, o Executivo criou o Fundo de Recuperação Económica, com uma dotação inicial de 319,5 milhões de meticais, “cujo objectivo é assegurar o financiamento a micro, pequenas e médias empresas, bem como a sectores produtivos com elevado potencial de dinamização económica”.
O Governo trabalha ainda na criação de dois instrumentos estratégicos: um novo regulamento para o exercício da actividade comercial e o Plano Integrado da Comercialização Agrária, concebido para resolver, de forma coordenada, os entraves ao longo da cadeia de valor agrícola, pecuária, florestal, pesqueira e aquícola.
“A par disso, foi aprovado, recentemente, o quadro jurídico-legal para a formação de preços e tarifas de produtos e serviços no mercado nacional, um instrumento que visa definir os mecanismos de formação e fixação de preços, proteger o consumidor da corrosão do poder de compra e preservar a ordem e disciplina económica do mercado”, disse Chapo.
O Presidente da República apelou, também, aos jovens para assumirem protagonismo nesta campanha. “Apropriem-se deste processo. Usem as plataformas digitais existentes, organizem-se em cooperativas e associações, e apresentem propostas de valor agregado”, incentivou, reforçando a ideia de que o desenvolvimento nacional passa pela capacidade do país transformar a produção local em riqueza distribuída.
“A união de todos é o nosso maior trunfo. Juntos, transformaremos a nossa terra em prosperidade, gerando emprego para a nossa juventude e construindo uma economia local robusta, pronta para apoiar a industrialização do nosso país”, destacou Chapo.
Para o Chefe do Estado, a comercialização agrária “ganha um papel estratégico” por ligar a produção rural à industrialização nacional. “Chegou o momento de, juntos, escrevermos o próximo capítulo desta epopeia da nossa comercialização agrária”, concluiu, apelando a um esforço conjunto para garantir a segurança alimentar e consolidar a independência económica de Moçambique.
Daniel Chapo não deixou de saudar, com especial apreço, as mulheres camponesas, “mestres infatigáveis na arte de semear a vida”; os jovens, “fonte de renovação e energia do nosso campo e a seiva desta nação”; e os parceiros do sector privado, do movimento associativo, cooperativo e das organizações internacionais, “que se unem a nós nesta jornada e cuja solidariedade técnica e financeira têm sido fundamentais para elevar o patamar da nossa produção”.
Fonte: O País