Os preços do petróleo registaram uma nova queda esta quarta-feira, 29 de Janeiro, refletindo o aumento das reservas de crude nos Estados Unidos e a retoma das exportações na Líbia. Apesar do declínio, as expectativas em torno das tarifas comerciais dos EUA sobre o Canadá e o México limitaram uma descida mais acentuada.
Os contratos futuros do Brent caíram 18 cêntimos (0,2%), fixando-se em 77,31 dólares por barril, enquanto os contratos do WTI (petróleo dos EUA) desceram 15 cêntimos (0,2%), situando-se em 73,62 dólares por barril.
Segundo analistas de mercado, a redução das preocupações com o abastecimento líbio e a expectativa de um aumento da produção de petróleo nos EUA impulsionaram a pressão vendedora sobre o crude, contrariando fatores que, em outros momentos, poderiam sustentar os preços.
Impacto do Aumento dos Estoques nos EUA
O mercado petrolífero norte-americano registou um aumento das reservas de crude e gasolina na última semana, segundo fontes que citaram dados do American Petroleum Institute (API). Enquanto isso, os estoques de destilados caíram, o que poderá ter um efeito de curto prazo no equilíbrio da oferta e procura.
O relatório oficial da Administração de Informação de Energia (EIA), previsto para esta quarta-feira, poderá trazer mais clareza sobre a evolução da oferta e da procura de petróleo nos EUA e definir o rumo dos preços nos próximos dias.
Recuperação da Produção na Líbia Alivia Pressão Sobre a Oferta
A retoma das operações na Líbia também teve um impacto relevante na pressão vendedora. A empresa estatal National Oil Corp (NOC) anunciou que a actividade de exportação decorre normalmente após negociações bem-sucedidas com manifestantes que tentavam bloquear o carregamento de petróleo num dos portos-chave do país.
Esse desenvolvimento reduz as preocupações com um potencial aperto na oferta global, retirando suporte aos preços num momento em que os mercados já enfrentam incertezas sobre a procura mundial.
Expectativas Sobre as Tarifas dos EUA e Reação da OPEP+
A administração de Donald Trump confirmou que mantém a intenção de impor tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México a partir de sábado. Ainda não está claro como essa decisão poderá afetar o comércio de petróleo entre os países.
O Canadá, principal fornecedor de crude para os EUA, exportou 3,9 milhões de barris por dia em 2023, representando metade das importações totais de petróleo norte-americanas. O México contribuiu com 733 mil barris diários, de acordo com os dados da EIA.
Diante da queda nos preços, o ministro da Energia da Arábia Saudita e outros membros da OPEP+ reuniram-se para discutir estratégias de resposta, especialmente após os recentes apelos de Trump para que os preços do petróleo sejam reduzidos.
A reunião da OPEP+ na próxima semana será decisiva para avaliar se os cortes de produção serão mantidos ou ajustados em resposta às novas dinâmicas do mercado.
Sentimento do Mercado e o Papel da Inteligência Artificial
Os índices de referência do petróleo já haviam atingido mínimos de várias semanas no início desta semana, após notícias sobre o aumento do interesse no modelo de inteligência artificial (IA) de baixo custo da startup chinesa DeepSeek.
A incerteza sobre o impacto da IA no consumo energético dos centros de dados, aliada aos fracos indicadores económicos da China, contribuiu para uma revisão em baixa das expectativas sobre a procura global de energia.
Entretanto, as ações do setor tecnológico recuperaram na terça-feira, o que poderá indicar uma estabilização dos receios sobre a influência da IA no consumo de petróleo e gás natural.
Petróleo Segue Volátil, com Foco nos EUA e na OPEP+
A descida dos preços do petróleo reflete um mercado cada vez mais sensível a variações na oferta e nas políticas comerciais dos EUA. O aumento dos estoques norte-americanos e a retoma da produção na Líbia adicionam pressão sobre os preços, enquanto a incerteza sobre tarifas comerciais e a reunião da OPEP+ mantêm o setor em alerta.
Nas próximas semanas, os mercados estarão atentos às decisões da OPEP+, às políticas de produção dos EUA e à evolução dos dados económicos globais, que continuarão a moldar as tendências do petróleo no curto prazo.
Fonte: O Económico