Os preços do petróleo registaram quedas significativas nas negociações desta quinta-feira, reflectindo a incerteza sobre os efeitos das tarifas comerciais propostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as suas políticas energéticas. O Brent, referência global, caiu 26 centavos (0,3%) para US$ 78,74 por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) recuou 23 centavos (0,3%) para US$ 75,21.
Nas sessões anteriores, ambas as referências acumulavam perdas consecutivas, com o Brent a fechar a US$ 79,00 e o WTI a US$ 75,44. Este cenário é influenciado por múltiplos factores, incluindo as expectativas de aumento da produção energética nos EUA e a evolução das tensões geopolíticas em regiões-chave.
Impacto das tarifas de Trump e emergência energética
Entre as principais fontes de volatilidade está o anúncio de novas tarifas comerciais pela administração Trump, que incluem sanções à Rússia e possíveis direitos punitivos contra países como a China, México e Canadá. Tais medidas estão a gerar preocupações sobre a desaceleração económica global e a consequente diminuição da procura por energia.
Além disso, Trump declarou recentemente uma emergência energética nacional, com o objectivo de facilitar a expansão da infraestrutura energética, reduzindo restrições ambientais e acelerando o licenciamento de projectos como oleodutos. Contudo, analistas permanecem cépticos quanto à capacidade dessas políticas de impulsionar significativamente a produção petrolífera no curto prazo.
Evolução dos stocks nos EUA
No mercado interno norte-americano, os stocks de petróleo bruto aumentaram em 958 mil barris na semana encerrada em 17 de Janeiro, segundo dados do American Petroleum Institute (API). Houve também aumentos substanciais nos stocks de gasolina (+3,23 milhões de barris) e destilados (+1,88 milhões de barris), indicando um cenário de oferta elevada.
Estes dados pressionam ainda mais os preços, dado que um aumento nos stocks geralmente reflecte uma menor procura ou um excesso de produção.
Incertezas geopolíticas e volatilidade no mercado
As políticas comerciais e energéticas de Trump continuam a introduzir volatilidade nos mercados globais. Segundo Priyanka Sachdeva, analista sénior da Phillip Nova, a conjugação de tarifas, sanções e expansão das perfurações nos EUA está a remodelar o panorama petrolífero global. “Os mercados continuam a monitorizar atentamente como estas políticas vão evoluir e influenciar a oferta e a procura”, afirmou.
No entanto, a recente redução de tensões na Faixa de Gaza, que anteriormente levantava preocupações sobre interrupções no fornecimento, trouxe algum alívio para os mercados. Mesmo assim, a incerteza permanece elevada devido aos múltiplos factores em jogo.
Perspectivas futuras
O cenário actual reflecte um mercado petrolífero em transição, no qual os factores geopolíticos e as políticas comerciais desempenham papéis determinantes. A combinação de tarifas, mudanças nas políticas energéticas e flutuações na procura global continuará a moldar os preços do petróleo nos próximos meses.
Para as economias dependentes de importações energéticas, como Moçambique, a volatilidade do preço do petróleo apresenta desafios significativos, afectando tanto os custos de produção como os preços dos combustíveis, o que pode repercutir-se na inflação e no custo de vida.
Fonte: O Económico