Os preços do petróleo subiram nesta sexta-feira, 17/01, impulsionados por novas sanções dos Estados Unidos sobre o comércio de energia da Rússia, que limitaram a oferta e aumentaram os custos do comércio de petróleo e as tarifas de transporte marítimo. O Brent e o West Texas Intermediate (WTI) estão a caminho de encerrar a semana com o quarto ganho consecutivo, reflectindo um mercado pressionado por questões de oferta e expectativas de recuperação da procura.
Impacto das sanções americanas
Os futuros do Brent subiram 44 cêntimos (0,5%), sendo negociados a 81,73 dólares por barril, enquanto o WTI subiu 62 cêntimos (0,8%), atingindo 79,30 dólares por barril. Na semana, ambos os índices acumularam ganhos de 2,5% e 3,6%, respectivamente.
O anúncio da administração Biden, na última sexta-feira, de sanções mais amplas contra produtores e transportadores de petróleo russos foi um dos factores centrais para a alta dos preços. Essas medidas, que incluem restrições adicionais à base militar-industrial russa e a esforços de evasão de sanções, estão a reduzir a oferta disponível no mercado global.
China e Índia, os maiores clientes da Rússia, intensificaram a procura por barris de substituição, levando a um aumento nas tarifas de transporte. A situação agravou-se com os receios de que a entrada de Donald Trump na presidência dos EUA na próxima semana possa trazer mais interrupções no fornecimento, devido a uma posição dura esperada em relação a países como Irão e Venezuela, importantes fornecedores de petróleo.
Expectativas de procura e cortes nas taxas de juro
Além das preocupações com a oferta, as expectativas de recuperação da procura também têm dado suporte aos preços do petróleo. Dados recentes indicam uma inflação em desaceleração nos Estados Unidos, o que pode permitir ao Federal Reserve cortar as taxas de juro mais cedo e de forma mais agressiva do que o esperado.
“O alívio na inflação e a possível redução das taxas de juro estão a reforçar as perspectivas de uma recuperação da procura, especialmente nos Estados Unidos,” afirmou Christopher Waller, Governador do Federal Reserve, numa declaração na quinta-feira.
Nos EUA, espera-se também um aumento na procura por querosene devido ao clima frio, o que poderá sustentar ainda mais os preços.
Dados económicos da China
Na China, o crescimento económico superou as expectativas no quarto trimestre de 2024, graças a um conjunto de medidas de estímulo implementadas ao longo do ano. No entanto, a produção das refinarias de petróleo do país caiu pela primeira vez em mais de duas décadas, excluindo o ano de 2022, afectado pela pandemia. A queda deve-se à fraca procura por combustíveis e às margens deprimidas, o que contrasta com o crescimento geral da economia chinesa.
Situação no Mar Vermelho
Outro factor que pode aliviar as pressões sobre o mercado é o anúncio de um possível cessar-fogo por parte da milícia Houthi no Mar Vermelho, após um acordo de paz relacionado ao conflito em Gaza. Ataques anteriores nessa região perturbaram o transporte marítimo global, forçando empresas a desviar rotas e aumentar custos.
Perspectivas futuras
Embora os preços do petróleo continuem a subir no curto prazo, analistas alertam para um cenário volátil, com riscos persistentes relacionados às sanções, tensões geopolíticas e condições económicas globais. “As preocupações com a oferta continuam a dar suporte aos preços, mas a resposta da procura será crucial para determinar a trajectória do mercado nos próximos meses,” afirmou Toshitaka Tazawa, analista da Fujitomi Securities.
Fonte: O Económico
