Por: Gentil Abel
O bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Carlos Martins, criticou o facto de o nome do ministro da Agricultura estar associado a um concurso público polémico, em que se suspeita de favorecimento a uma empresa com acionistas ligados ao governante.
Durante a sua intervenção num seminário, Martins destacou que a situação levanta sérias preocupações de ordem moral, reflectindo um padrão recorrente no país, onde interesses económicos de dirigentes se sobrepõem ao interesse nacional. “Em política não basta ser, é preciso parecer ser. Se o ministro considerar que não reúne condições para continuar, deveria, por iniciativa própria, apresentar a sua renúncia”, sublinhou.
Por fim, o bastonário aproveitou a ocasião para apontar também para os desafios sociais do país, alertando que a falta de acesso a serviços básicos como saúde e educação constitui uma violação do direito ao desenvolvimento e, consequentemente, dos direitos humanos.
No entanto, a polemica em torno deste assunto estará longe de acabar se não houver um desfecho por lado do presidente. Pois, está polémica exige mais do que declarações. O Presidente da República deve intervir e tomar uma decisão clara sobre a continuidade do ministro da Agricultura no governo. A acção do Chefe de Estado será decisiva para mostrar se há, de facto, compromisso com a ética e a transparência na gestão pública. Uma posição firme do Presidente ajudaria a restaurar a confiança dos cidadãos nas instituições e a transmitir a mensagem de que ninguém está acima do interesse nacional.
