Pretoriano: subintendente da PSP revela operação no seio dos Super Dragões

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O coordenador da investigação da Operação Pretoriano, cujo julgamento prosseguiu esta segunda-feira, descreveu o clima de «intimidação e terror» fomentado pelos arguidos em torno da Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023.

A quarta sessão do julgamento no Tribunal de São João Novo ficou marcada pelo depoimento do subintendente da PSP Dennis da Cruz.

Segundo a testemunha, ouvida por videoconferência, a operação «complexa» incidiu sobre «um conjunto de elementos que protegiam, a todo o custo, e a título de proveitos financeiros, um determinado regime», em menção à estrutura liderada por Pinto da Costa.

«O que se passou na AG foi o arregimentar [de apoiantes], com coordenação e liderança de Fernando Madureira. Queriam silenciar sócios legítimos do FC Porto, cuja única coisa que queriam era mostrar a sua insatisfação. Qual o motivo, do ponto de vista da investigação, que levou àquele clima de intimidação e terror? Uma hipotética candidatura de André Villas-Boas.»

«Iniciámos a investigação, com uma equipa restrita, e avançámos em força e em segredo», revelou.

Dennis da Cruz coordenou a investigação e notificou pessoalmente Villas-Boas, Henrique Ramos e Bruno Ramos, chefe da PSP que presenciou os atos como sócio na AG. Em causa a necessidade de «salvaguardar» segredo na operação, tendo este trio como «testemunhas chave».

Este subintendente da PSP considerou que Fernando e Sandra Madureira arquitetaram um plano para condicionar o clima em torno da AG, inclusive utilizando como «pressão» a distribuição de bilhetes, num dos grupos de WhatsApp que constam da acusação.

De acordo com esta testemunha, a putativa candidatura de André Villas-Boas esteve por detrás da criação de «umas primárias» em torno da AG extraordinária, quando estava em causa uma alteração estatutária.

De resto, acusou Fernando Madureira de ser o «promotor dos factos ilícitos» ocorridos na AG e de não ter tentado travar os conflitos, além de ter estado «em conluio» com outro arguido, Hugo Carneiro “Polaco”, para arrebatar pulseiras de acesso à reunião magna.

Acrescentou ainda que Madureira recebeu cartões e números de sócio e distribuiu-os, incitando pessoas a passar à frente na fila, num grupo de WhatsApp com 166 elementos, nos quais se inserem sete arguidos.

O advogado de Fernando e Sandra Madureira, Gonçalo Cerejeira Namora, exigiu a gravação do depoimento do polícia por «manifesta animosidade» e por se ter referido três vezes a sete dos arguidos como «pretorianos», um termo que considerou «pejorativo». A juíza deferiu o pedido, pelo que Gonçalo Cerejeira Namora pode apresentar queixa contra Dennis da Cruz.

O julgamento prossegue esta terça-feira e tem mais de 20 audições de testemunhas em atraso.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano começaram a 17 de março a responder por 31 crimes. Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.

Fonte: CNN Portugal

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