Por: Gelva Aníbal
Em pleno século XXI, Moçambique encontra-se no cruzamento de dois mundos: o das tradições enraizadas na sua diversidade cultural e o da globalização, que chega com a força das redes sociais, da tecnologia e do consumo massificado.
A globalização trouxe ganhos inegáveis, hoje, um jovem em Maputo ou Lichinga tem acesso a tendências de moda, música e cinema que antes demorariam anos a chegar.
A internet possibilitou o diálogo com culturas distantes e abriu caminhos para novas oportunidades de negócios, educação e intercâmbio. Este é o lado positivo de um mundo interligado.
Todavia, há também riscos evidentes, várias práticas culturais locais, desde as danças tradicionais até ao uso das línguas nacionais, têm perdido espaço para hábitos importados.
O “estilo global” muitas vezes se impõe, levando as novas gerações a associarem a sua própria cultura ao atraso e a verem a cultura estrangeira como sinónimo de progresso.
Esta tendência coloca em causa o sentido de pertença e pode, a longo prazo, fragilizar a identidade moçambicana.
O que está em jogo não é apenas a preservação do passado, mas também o futuro da diversidade cultural. Uma pàtria sem raízes fortes corre o risco de se transformar num reflexo de outras, sem autenticidade.
Cabe às famílias, às escolas e às instituições culturais trabalhar para que a globalização não seja vista como ameaça, mas sim como oportunidade de mostrar ao mundo a riqueza de Moçambique. Afinal, é possível vestir moda internacional e, ao mesmo tempo, valorizar a capulana, ouvir música estrangeira e continuar a dançar o tufo ou a marrabenta, usar o português e, ao mesmo tempo, cultivar as línguas locais.
A globalização não precisa significar a perda da identidade, pelo contrário, pode ser a chance de afirmar Moçambique no mapa cultural mundial, desde que saibamos equilibrar tradição e modernidade.
A verdadeira riqueza está em dialogar com o mundo sem deixar de ser quem somos.