O número de camiões de carga da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que cruzam as fronteiras de Moçambique registou uma queda significativa, reflexo dos impactos das manifestações pós-eleitorais ocorridas entre Outubro e Dezembro do ano passado.
Desde 15 de Dezembro, o volume de camiões que circulam nos corredores domésticos caiu para menos de 38 mil por mês, representando uma redução de 10 mil camiões, segundo Eduardo Sengo, Director-Executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
O impacto desta redução tem sido sentido de forma generalizada, com prejuízos expressivos para os países vizinhos, como a África do Sul, que registou perdas na ordem dos 13 biliões de rands. Este valor corresponde a aproximadamente 7% da sua exportação total de mercadorias.
A diminuição da circulação de camiões também afectou a movimentação de bens nos corredores regionais, comprometendo a cadeia de abastecimento e o fluxo de mercadorias com destino aos países da SADC. De acordo com analistas, cerca de 70% das mercadorias antes transportadas por Moçambique foram desviadas para portos alternativos, levando a perdas económicas consideráveis para o país.
As dificuldades de circulação foram agravadas por incidentes de saques e vandalização de empresas, gerando incertezas para os operadores logísticos e exportadores. Durante as manifestações na fronteira de Ressano Garcia, ocorreram episódios de violência e bloqueios, interrompendo a circulação na Estrada Nacional N4, um dos principais eixos comerciais entre Moçambique e a África do Sul. O encerramento temporário da fronteira resultou em atrasos e prejuízos para as cadeias de suprimento.
A CTA alerta para a necessidade de soluções urgentes que garantam a normalização do comércio transfronteiriço e a segurança dos transportadores, evitando um agravamento da crise logística e comercial no país.
Fonte: O Económico