Queima de Gás Natural Alcança o Nível Mais Alto Desde 2007 e Compromete Metas Climáticas e de Acesso à Energia

0
14

Questões-Chave:

A queima de gás natural durante a extracção de petróleo atingiu, em 2024, o maior nível em quase duas décadas, agravando a crise climática, desperdiçando recursos energéticos valiosos e comprometendo os esforços globais para garantir o acesso universal à energia. De acordo com o Banco Mundial, o volume queimado atingiu 151 mil milhões de metros cúbicos, um aumento de 3 mil milhões em relação ao ano anterior.

A queima de gás natural — prática comum na produção petrolífera que consiste em queimar o gás associado em vez de aproveitá-lo — continua a ser um entrave à transição energética e ao cumprimento das metas de redução de emissões. Em 2024, foram desperdiçados recursos equivalentes a 63 mil milhões de dólares, com 389 milhões de toneladas de CO equivalente emitidas para a atmosfera. Destes, 46 milhões de toneladas resultaram de metano não queimado, um dos gases com maior potencial de aquecimento global.

Segundo o relatório do Banco Mundial, os nove maiores países emissores de flaring são responsáveis por três quartos da queima global, embora representem menos de metade da produção mundial de petróleo.

“Quando mais de mil milhões de pessoas ainda não têm acesso fiável à energia, é frustrante ver este recurso natural ser desperdiçado”, afirmou Demetrios Papathanasiou, Director Global de Energia e Recursos Extractivos do Banco Mundial.

Dados de satélite compilados no Global Gas Flaring Tracker revelam que a intensidade da queima (gás queimado por barril de petróleo produzido) mantém-se elevada há 15 anos, sem melhorias significativas. No entanto, os países que aderiram à iniciativa Zero Queima Rotineira até 2030 (ZRF) mostram avanços concretos: uma redução média de 12% na intensidade de queima desde 2012, ao passo que os países não signatários registaram um aumento de 25%.

Soluções Técnicas e Mobilização Internacional

O Banco Mundial, através da sua Parceria para Redução da Queima e do Metano (GFMR), está a financiar projectos em países como o Usbequistão, onde 11 milhões de dólares foram destinados à detecção e reparação de fugas de metano na rede de transporte de gás. A acção reduziu as emissões em 9.000 toneladas anuais, com potencial de atingir 100.000 toneladas por ano.

“Os governos e operadores devem priorizar a redução da queima. As soluções existem. Com políticas eficazes, é possível criar condições para projectos escaláveis e sustentáveis. Este gás desperdiçado pode tornar-se motor de desenvolvimento económico”, declarou Zubin Bamji, gestor da GFMR.

Entre o Desperdício e o Potencial

A persistência da queima de gás natural representa um paradoxo inaceitável: ao mesmo tempo que o mundo procura acelerar o acesso à energia limpa e segura, mantém-se uma prática que desperdiça recursos, agrava a crise climática e mina a confiança nos compromissos globais. O relatório do Banco Mundial é um apelo claro à acção política, técnica e financeira.

Fonte: O Económico

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!