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O rand sul-africano mantém a trajectória de valorização e é hoje negociado a R18,89 por dólar, consolidando uma recuperação de 3,5% face à semana anterior. O fortalecimento da moeda é impulsionado pela diminuição das incertezas políticas no seio do Governo de Unidade Nacional (GNU) e pela contínua fraqueza do dólar no mercado internacional.
Após atingir um mínimo preocupante de R19,93 no dia 9 de Abril, o rand tem vindo a recuperar, e nesta terça-feira, 15 de Abril, estabiliza-se abaixo da barreira simbólica dos R19. A recuperação da moeda ganhou força com o abrandamento das tensões internas, sobretudo após o Congresso Nacional Africano (ANC) recuar na sua proposta de aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), o que permitiu reabrir espaço para diálogo com a Aliança Democrática (DA) no contexto do GNU.
A Directora da Citadel Global, Bianca Botes, destaca que “o rand está em terreno mais firme após semanas de incerteza, com o apetite por risco a melhorar à medida que o ambiente político se estabiliza”. Na mesma linha, a economista-chefe do Investec, Annabel Bishop, sublinha que “a valorização do rand teria sido ainda mais acentuada, não fossem os receios políticos da semana passada que penalizaram a moeda mesmo em contexto de dólar fraco”.
No mercado bolsista, o índice JSE All Share registou uma subida de 1,9%, para 88 052 pontos, em resposta ao sentimento positivo dos investidores. A suspensão temporária de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos — especialmente no sector dos semicondutores — também contribuiu para o clima de alívio nos mercados emergentes.
Apesar da valorização do rand, o ambiente permanece volátil, com as negociações dentro do GNU ainda em curso e os mercados internacionais atentos à evolução da guerra comercial entre os EUA e a China. O preço do ouro, por exemplo, caiu para cerca de US$ 3.200 por onça após ter atingido um recorde de US$ 3.245, reflectindo o arrefecimento da procura por activos de refúgio.
Ainda assim, o rand encontra-se hoje num dos melhores níveis das últimas três semanas, posicionando-se como uma das moedas emergentes com melhor desempenho recente. Observadores atentos indicam que a continuidade deste movimento dependerá da capacidade das forças políticas sul-africanas em manter o diálogo dentro da coligação e da evolução dos factores externos que influenciam os mercados cambiais.
Fonte: O Económico