Retoma do Projecto de Gás em Afungi Gera Incertezas Entre Empresários Locais

0
5
Foto: RM

Por: Alfredo Júnior 

A poucos dias da retoma do megaprojecto de Gás Natural Liquefeito (GNL) liderado pela TotalEnergies, em Afungi, província de Cabo Delgado, empresários locais manifestam receios de ficarem à margem do processo, apesar das promessas de inclusão e desenvolvimento económico.

Suspenso desde 2021 devido à insegurança provocada por ataques de grupos extremistas, o projecto LNG Área 1 está agora em vias de reinício, com apoio financeiro garantido de instituições como o Banco de Exportação e Importação dos EUA, no valor de cerca de 5 mil milhões de dólares. O regresso das operações tem sido acompanhado por declarações do Governo moçambicano e da própria TotalEnergies, que asseguram que estão criadas as condições de segurança e estabilidade na zona de Palma.

Contudo, do lado empresarial local, as expectativas estão longe de ser unânimes. O presidente do Conselho Empresarial de Cabo Delgado, Mamudo Irache, questionou recentemente se as empresas locais terão condições reais de participar, uma vez que a logística do projecto prevê, nesta fase, operações por via marítima e aérea — modos que muitos empresários locais não dominam nem têm capacidade instalada para fornecer.

Para além da logística, os empresários denunciam um alegado isolamento dos operadores económicos locais, referindo que empresas e residentes de Palma continuam afastados da zona de intervenção da TotalEnergies, sem acesso a oportunidades de fornecimento ou subcontratação. Um grupo representativo chegou mesmo a enviar uma carta às autoridades e parceiros do projecto, reclamando maior transparência nos critérios de selecção e o cumprimento da Lei de Conteúdo Local, que visa assegurar que parte significativa dos serviços e produtos sejam adquiridos a empresas nacionais.

Por seu turno, a TotalEnergies tem reiterado o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a inclusão socioeconómica. Através da Fundação Pamoja Tunaweza, a empresa tem promovido acções de capacitação, apoio comunitário e reassentamento, com destaque para os residentes da vila de Quitunda. No entanto, os empresários consideram que os resultados ainda não se reflectem na prática, sendo necessário um envolvimento mais directo com o tecido empresarial da província.

A retoma do projecto LNG representa uma oportunidade decisiva para a economia nacional, com potencial de transformar significativamente o Produto Interno Bruto de Moçambique. Porém, para os empresários de Cabo Delgado, o sucesso dessa retoma dependerá também da inclusão efectiva dos actores locais no processo de reconstrução e exploração dos recursos, como condição essencial para garantir paz, estabilidade e desenvolvimento sustentável na região.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!