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Saque e vandalismo pós-eleitoral forçam encerramento de empresas e aumentam desemprego em Moçambique

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Os protestos que se seguiram às eleições gerais em Moçambique desencadearam uma onda de instabilidade com graves consequências para a economia nacional. Diversas empresas e indústrias foram saqueadas e vandalizadas, levando ao encerramento de operações em várias regiões do país. Dados preliminares indicam que mais de 12 mil trabalhadores perderam os seus empregos, o que sublinha o impacto económico e social desta situação.

Do ponto de vista social, o aumento do desemprego agrava a vulnerabilidade de milhares de famílias, sobretudo nas zonas mais atingidas, como Maputo e Nampula, onde se registaram os incidentes mais intensos. Segundo Eduardo Sengo, Director Executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), “estes eventos refletem uma crise de confiança que afeta não apenas as empresas, mas toda a economia nacional. As famílias estão a sofrer com a perda de rendimentos, e isso terá efeitos a longo prazo no consumo e na estabilidade social.”

A nível económico, o encerramento de empresas compromete a capacidade produtiva do país, reduzindo a competitividade internacional de Moçambique. A destruição de infraestruturas e equipamentos industriais não só dificulta o retorno às operações normais, como também aumenta os custos de recuperação. Salim Valá, Presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), destacou que “um ambiente de instabilidade prejudica o desempenho das empresas e afasta potenciais investidores, afetando negativamente o mercado bolsista e o acesso ao financiamento.”

Além disso, o ambiente empresarial foi profundamente abalado pela perceção de insegurança gerada por este período de instabilidade. Muitas empresas estão a rever os seus planos de expansão e investimentos devido ao receio de novos episódios de violência. Para Victor Mapossa, economista e consultor independente, “a incerteza política e social que vivemos hoje pode ser ainda mais prejudicial do que os danos físicos imediatos. É crucial restaurar a confiança entre as empresas e o governo para que a recuperação seja possível.”

Perante este cenário, as autoridades governamentais, em parceria com associações empresariais, estão a avaliar medidas emergenciais para mitigar os danos causados. Entre as ações em discussão estão a criação de linhas de crédito específicas para empresas afetadas, incentivos fiscais temporários e o reforço da segurança pública. Fontes governamentais referem que, “o Governo está empenhado em encontrar soluções imediatas para apoiar as empresas e os trabalhadores afetados, ao mesmo tempo que reforça os mecanismos de segurança para prevenir futuros incidentes.”

Especialistas defendem que, além de medidas imediatas, é necessário um plano de longo prazo para garantir a estabilidade económica e social de Moçambique. Para Francisco Pereira, professor de economia na Universidade Eduardo Mondlane, “o investimento em políticas de recuperação económica deve ser acompanhado por reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócios e fortaleçam o estado de direito.”

Contudo, a recuperação plena dependerá de uma resposta coordenada entre o setor público e privado, além do restabelecimento da confiança social e política no País. A CTA e outros parceiros económicos estão a organizar mesas redondas para discutir soluções concretas que possam ser implementadas rapidamente. “O diálogo é o primeiro passo para ultrapassarmos esta crise. Precisamos de um compromisso conjunto para proteger os postos de trabalho e restaurar a economia”, concluiu Eduardo Sengo.

Fonte: O Económico

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