Segurança é o eixo central da recuperação empresarial – Empresários

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A segurança é hoje o principal investimento e a medida mais determinante para a recuperação empresarial em Moçambique. Esta foi a mensagem central transmitida pelo sector privado durante um encontro em Maputo, onde empresários discutiram as condições necessárias para a retoma das suas actividades, após um período marcado por desafios operacionais e instabilidade económica.

Os apelos foram feitos no âmbito da apresentação das linhas de financiamento disponibilizadas pelo Governo e pelo sector bancário para apoiar as empresas. No entanto, apesar dos esforços financeiros, os empresários alertam que sem garantias de segurança e estabilidade, o impacto dessas iniciativas será limitado.

O Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, destacou que a reestruturação das empresas e a recuperação económica do país estão fortemente dependentes de um ambiente seguro e previsível para os negócios. “Como assegurar que aquela loja que retomou a actividade, depois de ter sido vandalizada, não seja novamente alvo de destruição? Como garantir que o empresário não tenha de contrair um segundo empréstimo para reconstruir a mesma infraestrutura?”, questionou Vuma, enfatizando a necessidade de um compromisso do Estado e das autoridades na garantia de ordem pública.

A posição do sector privado é clara: sem segurança, não há recuperação efectiva. Os empresários têm reportado casos de vandalismo, instabilidade e incerteza, o que tem comprometido a confiança no ambiente de negócios. “Enquanto não tivermos garantias sólidas, será impossível reabilitar uma unidade comercial ou industrial sem o receio de que, no dia seguinte, o espaço seja novamente saqueado ou atacado”, lamentou um dos participantes no encontro.

Além da questão da segurança, a CTA apresentou três linhas de financiamento para a recuperação empresarial, que totalizam cerca de 10 mil milhões de meticais. Estas incluem um montante disponibilizado pela banca comercial, um fundo sob gestão do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e um mecanismo de apoio através do Banco Nacional de Investimento (BNI), similar ao Fundo Catalítico criado para mitigar os efeitos da pandemia da COVID-19, e gerido pela Agência do Vale do Zambeze.

Os financiamentos são direcionados a Pequenas e Médias Empresas (PME), e prevêem taxas de juro reduzidas e prazos alargados para facilitar a recuperação do tecido empresarial. Contudo, os empresários sublinham que os recursos financeiros, por si só, não são suficientes. “O crédito é bem-vindo, mas sem segurança, nenhuma empresa poderá florescer. Investimos milhões e no dia seguinte somos saqueados, sem garantias de reposição ou protecção efectiva”, denunciou um comerciante presente no evento.

Por sua vez, a CTA reforçou a necessidade de se encontrar soluções para assegurar um clima de negócios mais estável, de modo a permitir que o capital investido não seja constantemente comprometido por episódios de violência, vandalismo e insegurança. “Estamos todos alinhados no sentido de procurar alternativas para recuperar a economia, mas não podemos ignorar que o maior investimento que Moçambique precisa neste momento é na segurança e na estabilidade”, concluiu Agostinho Vuma.

Com o sector privado a pressionar por garantias reais, a questão da segurança emerge como um factor crítico e incontornável para o futuro do ambiente de negócios em Moçambique. Sem um reforço das medidas de protecção, o desafio da recuperação económica continuará a ser um percurso incerto para milhares de empresas no país.

Fonte: O Económico

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