Por: Virgílio Timana
A pergunta impõe-se quase de forma inevitável: estará o futebol mundial a entrar numa nova era marcada por dois nomes que já se tornaram incontornáveis: Erling Haaland e Kylian Mbappé? Os números da presente temporada reforçam a impressão de que ambos disputam não apenas golos, mas também um lugar na história, cada um à sua maneira.
Erling Haaland, ponta de lança do Manchester City, continua a demonstrar uma regularidade altamente invulgar. Em apenas 15 jogos, por clube, nesta época, já soma 19 golos: 14 na Premier League e cinco em quatro partidas na Liga dos Campeões. A sua média de 55 golos em 48 jogos pela selecção norueguesa é absolutamente extraordinária para o futebol internacional moderno. Atingiu e já ultrapassou a marca de 350 golos na carreira, sustentado por títulos que incluem a Liga dos Campeões, a Premier League, a FA Cup e a Supertaça Europeia. O seu percurso em clubes como o Borussia Dortmund e o Red Bull Salzburg revela um padrão contínuo: onde joga, marca, e onde marca, vence.
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A pergunta central, portanto, é se estamos a viver uma era dominada por estes dois jogadores, tal como antes se falou em eras de Messi e Ronaldo. A resposta talvez exija cautela. Haaland e Mbappé são, sem dúvida, os nomes mais influentes da actual geração, mas representam estilos muito distintos. Haaland é o goleador puro, quase uma força da natureza dentro da área; Mbappé é o avançado moderno, capaz de desequilibrar em velocidade, criar e finalizar. Ambos carregam equipas e selecções, mas ainda não atravessaram as mesmas fases de longevidade e consistência que caracterizaram os dois gigantes da década anterior.
Além disso, o domínio futebolístico raramente se define apenas pelos números. Depende de troféus colectivos, liderança, impacto mediático e capacidade de manter níveis de excelência durante longos períodos. Haaland e Mbappé já demonstraram muito, mas a história exige continuidade.
O que se pode afirmar, com segurança, é que a rivalidade, mesmo que indirecta, entre ambos eleva o espectáculo e beneficia o futebol mundial. A Premier League e a La Liga encontram-se nos dois polos de talento; a Liga dos Campeões transforma-se no palco ideal para o confronto; as selecções nacionalizam a disputa. Se será “a era Haaland e Mbappé”, o futuro dirá. Mas estamos perante dois fenómenos cuja influência já se faz sentir na narrativa global do desporto; disso não há dúvida.
E, para já, o adepto comum tem o privilégio de assistir, em directo, à construção de uma nova página do futebol. A era ainda pode não ter um nome definitivo, mas os protagonistas estão claramente identificados.
