Sérgio Conceição é este sábado tema de capa da revista Sportweek, produto premium da Gazzetta dello Sport, que titula «Deus, futebol, família» para sintetizar o que é o português.
«Sérgio Conceição é um misto de terra, lágrimas, futebol tradicional, religião, nervos (muitos nervos) e sensibilidade. Está na moda porque venceu imediatamente e traz de volta os homens de outros tempos, mais genuínos do que sofisticados, mais diretos do que conceptuais. Não é assim tão fácil de compreender, mas seria ainda mais difícil para um inglês, talvez para um francês e certamente para um detentor de lugar anual do Barcelona. Em Itália, porém, tivemos José Mourinho e António Conte. Em suma, estamos treinados», começa por escrever a longa reportagem.
A Sportweek adianta depois que Conceição é mais Nereo Rocco e Fabio Capello, enquanto Paulo Fonseca era Arrigo Sacchi, muito concentrado no domínio do jogo e nas longas explicações táticas. Sérgio Conceição, por outro lado, é um pai para os jogadores.
«O homem é religioso, tem um forte conceito de família e uma relaçao subestimada com os jogadores de futebol. A sua força ao longo dos anos no FC Porto foi a combinação de regras e diálogo, e os primeiros dias no Milan dizem que lá vamos outra vez. Conceição não é um comandante que dita as regras e se retira para a sua tenda. Pelo contrário, é o gestor que pega numa cadeira, senta-se ao lado do colaborador e conversa com ele, querendo conhecê-lo. ‘Quero conhecer o nome do seu primeiro treinador, se os pais dele estão separados, se gosta de cães ou de gatos’, disse uma vez.»
Por isso se diz que o português é um líder que recorda os treinadores de outros tempos, holísticos, que sabem que os aspetos táticos e estratégicos são decisivos, mas não são mais decisivos do que aspetos humanos.
«O seu FC Porto, não por acaso, sempre pareceu unido, rabugento, porque estava decidido a seguir um único plano: o plano de Sérgio Conceição.»
Descrito como «duro e inflexível», mas também«»afetuoso e sensível», do português se diz que «não é uma pessoa fácil de decifrar e de conviver, mas nenhuma pessoa verdadeiramente interessante o é». «E o treinador dos rossoneri é certamente uma pessoa interessante: a sua história, as suas ideias futebolísticas, as suas palavras e a forma como se exprime, dizem-no. Conceiçao é polémico e sincero, luminoso e paternalista. É uma combinação de muitas coisas, nenhuma delas trivial.»
Fonte: Mais Futebol