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Tokenização Pode Revolucionar o Mercado de Capitais em África, Defende CEO da Bolsa de Nairobi

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A tokenização de activos pode ser a chave para transformar o sistema financeiro africano, alargando o acesso ao investimento, reduzindo custos e desbloqueando biliões de dólares em capital inactivo. A afirmação consta de um artigo assinado por Frank Mwiti, CEO da Bolsa de Valores de Nairobi, que sustenta que esta inovação pode marcar um ponto de viragem nos mercados de capitais do continente.

Apesar do crescimento económico de várias economias africanas e da ampla utilização de soluções de dinheiro móvel — com 1,1 mil milhões de contas e transacções no valor de 1,1 biliões USD em 2024 — os mercados de capitais africanos continuam a enfrentar problemas estruturais: fraca liquidez, baixo número de emissores, pouca inclusão dos pequenos investidores e escasso aproveitamento das remessas da diáspora.

Segundo Frank Mwiti, a solução pode estar na tokenização de activos reais — desde imóveis a obrigações, passando por infra-estruturas e PME’s — transformando-os em tokens digitais transaccionáveis via blockchain.

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu na África do Sul, onde a rede de escolas privadas Die MOS Inisiatief emitiu uma obrigação corporativa de 100 milhões de rands na plataforma Mesh.trade, em Abril de 2024. Cerca de 65,5% dos investidores foram do segmento retalhista, incluindo 24% de investidores não institucionais. O sucesso do instrumento mostrou que a tokenização pode democratizar o financiamento, reduzindo custos e prazos de emissão, e abrindo o acesso a novos perfis de aforradores.

Outras experiências relevantes incluem a parceria da Bolsa de Nairobi com empresas de tecnologia financeira para lançar produtos tokenizados no mercado queniano — acções, dívida e fundos — com liquidação quase instantânea. Na Nigéria, o governo estadual de Lagos está a liderar um projecto para tokenizar o mercado imobiliário, permitindo que pequenos investidores adquiram fracções digitais de propriedades.

Além de ampliar a base de investidores, a tokenização permite que cidadãos da diáspora invistam directamente nas suas economias de origem. Um quadro regulatório robusto permitiria, por exemplo, que remessas fossem canalizadas para projectos através de plataformas de depósitos em stablecoins ou títulos soberanos digitais. Segundo o Banco Mundial, as remessas superaram o investimento directo estrangeiro na África Subsariana em 2023.

Ambiente Regulatório em Evolução

A concretização desta visão exige legislação clara e infra-estruturas tecnológicas robustas. O Quénia já publicou um projecto de lei para regular activos virtuais e prestadores de serviços de activos digitais. A Nigéria, por sua vez, aprovou em Março de 2025 uma nova Lei de Valores Mobiliários que reconhece formalmente os activos digitais e os tokens como instrumentos regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC). A África do Sul também publicou uma Digital Payments Roadmap, que inclui a tokenização entre as prioridades para modernizar o sector financeiro.

No Norte de África, os avanços são desiguais: enquanto a Tunísia lidera com projectos-piloto em blockchain para registo de propriedades e comércio, países como o Egipto e Marrocos ainda mantêm restrições significativas ao uso de criptomoedas.

Mwiti conclui com um apelo à acção coordenada entre reguladores, bolsas, investidores e empresas tecnológicas. A tokenização, afirma, “não é uma palavra da moda”, mas sim uma ferramenta estratégica que pode democratizar o investimento, atrair novo capital e financiar áreas-chave como infra-estruturas, educação e empreendedorismo.

Fonte: O Económico

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