Resumo
A cidade da Matola, em Maputo, tem sido palco de episódios violentos envolvendo civis e alegados membros do SERNIC, com tiroteios e perseguições. Um recente incidente resultou na morte de uma menor e de Arménio Chongolo, atingido fatalmente por uma bala enquanto conduzia o seu carro. Outros casos incluem o abate de dois homens, um alegadamente agente do SERNIC, e o homicídio de um homem à porta de casa. Estes eventos levantam questões sobre a possível infiltração de interesses obscuros na estrutura policial, sugerindo uma crise interna no SERNIC com traições e lutas pelo controlo de interesses ocultos. Até agora, não houve esclarecimentos oficiais sobre estes homicídios, deixando em aberto a incerteza sobre o que se passa dentro da corporação.
Por estes dias, a cidade da Matola, em Maputo, tem assistido a uma sequência de episódios violentos com contornos cada vez mais preocupantes, envolvendo civis e, alegadamente, membros do próprio Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC). A sucessão de homicídios a tiro, perseguições dignas de filmes de acção têm levantado questões sérias sobre o funcionamento da corporação e o papel que alguns dos seus elementos podem estar a desempenhar, não como protetores da lei, mas como alvos ou até protagonistas de actos ilícitos.
Neste contexto, o caso recente envolve uma perseguição entre viaturas, uma Toyota Ractis e um Mark II, que terminou em tiroteio nas ruas da Matola. Durante este episódio, uma menor perdeu a vida e, surpreendentemente, o alegado alvo conseguiu escapar ileso de uma viatura crivada de balas. O que parecia ser uma operação mal-sucedida, rapidamente ganhou contornos trágicos e de negligência.
Desta feita, entre as vítimas colaterais encontra-se Arménio Chongolo, um cidadão identificado como trabalhador, que foi atingido mortalmente por uma bala enquanto conduzia o seu carro particular, um Toyota Belta. A bala entrou pela traseira da viatura, atravessou o banco do condutor e atingiu-o fatalmente. Chongolo ainda conseguiu imobilizar o veículo, mas não resistiu aos ferimentos a caminho do hospital. E que, neste momento, a família ainda aguarda por esclarecimentos oficiais, enquanto tenta lidar com a dor da perda repentina e inexplicável.
Neste âmbito, recorda-se outro caso, ocorrido no bairro da Manduca, onde dois homens foram abatidos a tiro. Há fortes indícios de que um dos assassinados seria agente do SERNIC. Pouco tempo depois, no bairro de Ndlavela, um homem foi baleado mortalmente à porta de casa, quando se preparava para sair de carro. E Testemunhas relataram, na altura, que a esposa da vítima abriu o portão, como de costume, e instantes depois ouviram-se os disparos. O homem morreu no local e, mais uma vez, surgiram informações não confirmadas de que se trataria de um ex-agente da corporação, conhecido como “Mosquito”.
Portanto, o que estes episódios têm em comum não é apenas o uso de armas de fogo em plena via pública, mas também o envolvimento directo ou indirecto de elementos ligados ao SERNIC. O padrão de violência dirigida e a sucessão de casos com características semelhantes alimentam a narrativa de uma possível infiltração de interesses obscuros dentro da própria estrutura policial. Acresce que, até ao momento, não houve pronunciamentos oficiais que clarifiquem o contexto destes homicídios
Perante tal cenário, a questão impõe-se com urgência: estará o SERNIC a enfrentar uma crise interna, marcada por traições, ajustes de contas ou lutas pelo controlo de interesses ocultos?