Destaques:
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a mais drástica escalada da sua política de guerra comercial, declarando uma emergência económica nacional e impondo tarifas generalizadas de 10% sobre todas as importações, com aumentos substanciais para 60 países classificados como “infractores comerciais”.
Num evento realizado nos jardins da Casa Branca, Trump revelou tarifas de 49% sobre produtos do Camboja, 46% sobre o Vietname, 34% sobre a China e 20% sobre a União Europeia. No caso da China, o impacto será ainda mais severo, já que a nova tarifa de 34% soma-se à tarifa pré-existente de 20%, elevando o custo final para 54% sobre as importações chinesas, incluindo pacotes inferiores a 800 dólares provenientes de plataformas como AliExpress, Temu e Shein.
“É o nosso dia de independência económica”, declarou Trump. “Empregos e fábricas vão regressar em força ao nosso País, e já se nota esse movimento.”
A tarifa mínima de 10% entra em vigor a 5 de Abril, com as tarifas personalizadas a serem aplicadas a partir de 9 de Abril. Trump alega que as medidas são uma resposta a barreiras não-monetárias e manipulações cambiais por parte de diversos parceiros comerciais.
Impactos Internos e Externos
O anúncio provocou imediatas reacções nos mercados financeiros. O índice Dow Jones caiu 0,61%, o S&P 500 recuou 1,69% e o Nasdaq desvalorizou-se 2,54%. Especialistas afirmam que o impacto poderá ser mais profundo do que o inicialmente antecipado.
Scott Lincicome e Colin Grabow, do Cato Institute, criticaram a medida num comunicado conjunto:
“Com estas tarifas, os EUA aproximam-se de níveis não vistos desde o Smoot-Hawley Tariff Act de 1930, que desencadeou uma guerra comercial global e agravou a Grande Depressão.”
David Beckworth, ex-economista do Tesouro norte-americano, foi mais longe, classificando o pacote como “receita perfeita para estagflação”, alertando para a combinação perigosa entre subida de preços e desaceleração do crescimento.
O Presidente da Fitch Ratings nos EUA, Olu Sonola, advertiu que as consequências não se limitarão aos Estados Unidos:
“Muitos países entrarão provavelmente em recessão. Com tarifas desta magnitude, é impossível manter previsões económicas válidas.”
Reacções Internacionais
Apesar dos apelos do Secretário do Tesouro, Scott Bessent, para que os parceiros “não retaliem precipitadamente”, diversos países já sinalizaram preparações para medidas de resposta.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE tem “um plano robusto” de retaliação. A China prometeu “contra-ataques” e acusou os EUA de “chantagem económica”. O México e o Canadá anunciaram para os próximos dias medidas equivalentes.
“O ‘America First’ não deve ser sinónimo de intimidação americana,” declarou o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, citado pela CCTV.
Um Retrocesso na Ordem Comercial Global
A nova política tarifária é visto em vários círculos como representando o mais substancial pacote desde a Segunda Guerra Mundial. Analistas apontam para um potencial colapso do comércio global, com efeitos em cadeia nos preços, cadeias de abastecimento e nas relações multilaterais.
A promessa de que as tarifas poderiam substituir os impostos sobre o rendimento como principal fonte de receitas do Estado norte-americano é vista com cepticismo pela maioria dos economistas. Para estes, trata-se de uma retórica desligada da realidade económica.
Perspectiva Futura: Recessão, Negociações ou Conflito Prolongado?
Com a aplicação das novas tarifas, Trump lança os EUA e os seus parceiros numa nova fase de incerteza comercial. O clima internacional deteriora-se rapidamente, e os próximos meses serão decisivos para perceber se haverá margem para negociação ou um agravamento do conflito económico.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Para já, os consumidores e empresas dos EUA — e dos países atingidos — enfrentam um cenário preocupante: preços mais altos, menor previsibilidade e um sistema de comércio global em convulsão.
Fonte: O Económico