Eram disparos fulminantes e certeiros que romperam o silêncio da manhã desta quarta-feira, perturbando a tranquilidade do bairro de Infulene, próximo à cadeia de máxima segurança, vulgo BO, no Município da Matola.
“Eu estava em casa e ouvi disparos. Uma vez que somos residentes dos arredores da BO, achei que fosse normal. Temos ouvido disparos. Eu pensei que fosse o habitual. Só que, mais tarde, fiquei a saber que foram mortos dois jovens aqui, na Manduca”, descreveu Belito Iopama, residente do bairro de Infulene.
Tudo gira em torno de duas viaturas ligeiras paradas uma ao lado da outra.
Indivíduos desconhecidos, que se faziam transportar no carro preto, modelo Toyota Ractis, terão interceptado o agente da PRM e outro do SERNIC, que estavam na viatura de cor branca, Toyota Auris, sobre quem terão descarregado uma chuva de tiros. Os dois carros seguiam para a Cidade de Maputo.
“No momento em que eu vi, as pessoas estavam a disparar estando no carro, e quando desceram, eu fugi”, conta uma testemunha em anonimato, com voz ainda em pânico.
E quem não fugiu viu com mais detalhes. “Eu estava no chapa (transporte público). Então, parámos noutro lado e vi pessoas a descerem de um carro preto a parar ao lado de um branco. Primeiro, disparam contra quem estava a conduzir e o outro sai a correr e é apanhado a tentar fugir”, detalhou Morgana Bila, testemunha no local dos acontecimentos.
Mas tudo foi em vão. Cercado pelo desespero e sem escapatória, cruzou-se com a morte, que o esperava no caminho. “Então dali ouvi alguém a dizer que já está. O outro não acreditou e desceu para balear na parte da cabeça. Depois disso, eles saíram. Eram três no carro branco. Dois mataram e o outro levaram. Não sei se quem eles levaram é familiar ou outra coisa, mas estava no carro com eles”, referiu a testemunha.
Uma idosa que estava nos arredores do palco dos disparos terá sido atingida. “É uma vizinha que estava a distribuir revistas bíblicas. É das Testemunhas de Jeová. Ela estava sentada ali, mas foi alvejada na perna”, revelou a testemunha.
A Polícia da República de Moçambique e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) estiveram no local para a perícia e remoção dos corpos. Uma arma de fogo do tipo pistola foi encontrada na viatura das vítimas.
Este é o segundo assassinato de membros das Forças de Defesa e Segurança, que acontece em menos de um mês, na Matola. O primeiro foi no passado dia 12 de Junho, no bairro de Nkobe. Assim, somam-se três agentes da corporação mortos a tiros na via pública num intervalo de 30 dias.
A menos de trinta metros do local do assassinato, há câmaras de videogilância que podem ter captado tudo, mas, minutos depois do crime, a polícia mandou fechar o estabelecimento.
Fonte: O País