VIVER CUSTA … MAIS DINHEIRO

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Por: Alda Almeida

 

O custo de vida nunca foi tão elevado. Entre os preços que disparam, o aumento da inflação e a crescente desigualdade social, os desafios de simplesmente “viver” se tornam mais pesados a cada dia. Ao contrário do que se pensa, o valor da existência humana não pode ser medido apenas pelas nossas emoções, sonhos ou ambições. Cada dia que passa exige mais dinheiro para cumprir as necessidades mais básicas. A pergunta é, até quando será possível sobreviver sem que o preço de vida nos engula por completo?

Quando falo sobre o custo de viver, não me refiro apenas ao pagamento de contas ou à compra de bens de consumo. Falo da dificuldade de equilibrar o orçamento familiar, da frustração de não poder usufruir do mesmo padrão de vida, mesmo com um esforço imenso para trabalhar mais e ganhar mais. O simples acto de viver tornou-se, em muitos casos, um fardo financeiro.

Vejo algumas mães que desde cedo tem que vender amendoim torrado para sustentar seus filhos sozinhas e mesmo assim, não conseguem o mínimo, ou alguns pais de família com mais 5 filhos e que nunca conseguem levar para casa o básico para o sustento da família, e que básico, é por isso que digo, viver custa.

 

Num país como o meu, o aumento das rendas, o preço da alimentação, a energia e outros que fazem parte das necessidades básicas têm um impacto directo no bolso dos cidadãos, viver custa muito mais ainda.

A questão que se coloca é, por que estamos a viver num mundo onde o essencial se tornou inacessível para muitos? Será que o nosso modelo económico é sustentável a longo prazo? Em que momento se tornou “normal” que um trabalho de 40 horas ou mais por semana não fosse suficiente para garantir a subsistência digna de uma pessoa ou família?

Refletir sobre isso não é apenas um exercício de crítica social, mas também uma tentativa de entender a complexa rede que liga o aumento do custo de vida à evolução das políticas públicas, dos preços dos bens e serviços e das necessidades de consumo que a sociedade nos impõe.

 

A reflexão é mais profunda, o que estamos a sacrificar para viver? A qualidade do tempo, das relações pessoais, da saúde mental? A constante pressão para alcançar um padrão de vida, ser “bem-sucedido”, consumir mais e mais, está a custar-nos a nossa própria essência. A felicidade parece ser mensurada agora pela quantidade de bens materiais que conseguimos acumular, quando, na verdade, a essência da vida deveria ser medida por aquilo que realmente importa – as experiências, os momentos e o bem-estar.

O aumento do custo de vida exige não só uma mudança nas políticas públicas, mas uma mudança na nossa própria forma de ver o que realmente vale a pena. Em vez de lutarmos para acumular mais bens materiais, deveríamos lutar por um equilíbrio real, por uma qualidade de vida que valorize o ser humano, e não apenas o seu poder de consumo.

Será que o nosso sistema económico está realmente a favorecer as pessoas, ou estamos a viver num ciclo vicioso onde mais dinheiro significa mais trabalho, mais exaustão e menos felicidade? O custo de viver está a crescer, mas, acima de tudo, o que está em jogo é o nosso bem-estar. Precisamos repensar o que significa “viver bem”.

 

 

 

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