Questões-Chave
. Bolsas asiáticas registaram perdas moderadas, enquanto o petróleo
subiu até 2,8%, antes de estabilizar;
. Mercado aguarda resposta do Irão aos ataques dos EUA, com foco no
Estreito de Ormuz;
. Dólar americano avançou ligeiramente, mas não se verificou fuga
generalizada para activos de refúgio;
. Goldman Sachs alerta que fecho do Estreito pode levar o Brent aos 110
USD/barril.
As acções recuaram esta segunda-feira nas bolsas asiáticas, enquanto o
petróleo atingiu máximos de cinco meses, numa reacção cautelosa dos
investidores face à possibilidade de uma retaliação iraniana aos recentes
ataques dos EUA a instalações nucleares.
Os mercados começaram a semana em tom prudente. As acções caíram
ligeiramente, o petróleo subiu de forma acentuada nas primeiras horas da
sessão asiática — com o Brent a tocar os 78,42 USD por barril e o crude WTI
nos 75,26 USD —, e o dólar ganhou algum impulso, embora os investidores
não tenham iniciado uma corrida generalizada para activos de refúgio.
De acordo com Charu Chanana, estratega-chefe da Saxo, “os mercados
podem estar a reagir não à escalada em si, mas à percepção de que poderá
reduzir a incerteza a longo prazo”. Contudo, advertiu que qualquer ameaça ao
Estreito de Ormuz poderá alterar rapidamente o sentimento do mercado.
O Estreito de Ormuz, por onde circula cerca de 25% do comércio global de
petróleo e 20% do gás natural liquefeito, continua a ser o principal foco de
risco. A Goldman Sachs alerta que um fecho temporário do Estreito por um
mês pode levar os preços do Brent aos 110 USD/barril, enquanto o
Commonwealth Bank of Australia antevê níveis de pelo menos 100 USD caso o
Irão opte por perturbações selectivas no tráfego marítimo.
Ouro e obrigações mantiveram-se relativamente estáveis. O ouro recuou
ligeiramente para 3.363 USD por onça, e os rendimentos das obrigações do
Tesouro a 10 anos subiram marginalmente para 4,395%.
Mercados em Modo "Wait and See"
Os principais índices globais também adoptaram uma postura cautelosa. O
índice MSCI Ásia-Pacífico (excluindo Japão) caiu 1,0%, o Nikkei recuou 0,6% e
o CSI300 da China perdeu 0,2%. Na Europa, os futuros apontavam quedas: –
0,4% no EUROSTOXX 50, -0,3% no FTSE e -0,5% no DAX.
Nos EUA, os futuros do S&P 500 recuavam 0,3% e os do Nasdaq caíam 0,4%.
As acções norte-americanas terminaram a sexta-feira em terreno misto, com o
Dow a subir marginalmente, o S&P 500 a perder 0,2% e o Nasdaq a cair 0,5%.
A ausência de reacções mais drásticas sugere que os investidores ainda estão
a calibrar o impacto real dos acontecimentos. No entanto, analistas do
JPMorgan recordam que episódios anteriores de mudança de regime no Médio
Oriente provocaram aumentos de até 76% no preço do petróleo.
Com o mundo de olhos postos na resposta do Irão, os mercados mostram
resiliência, mas também vulnerabilidade a choques geopolíticos. O verdadeiro
teste poderá surgir nas próximas horas ou dias, dependendo da reacção de
Teerão. Por agora, os investidores mantêm-se em modo de observação,
conscientes de que o Estreito de Ormuz continua a ser o barómetro da tensão.
Fonte: O Económico
