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África no centro das incertezas globais: resiliência e novos desafios regionais

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Num ambiente internacional marcado por choques económicos, tensões geopolíticas e volatilidade comercial, o continente africano posiciona-se como um actor simultaneamente vulnerável e estratégico. O Capítulo C do “Trade and Development Foresights 2025” da UNCTAD examina as disparidades regionais, os riscos sistémicos e as oportunidades para um novo ciclo de crescimento inclusivo no continente.

Desenvolvimento Segundo a UNCTAD, o continente africano deverá crescer 3,6% em 2025, superando a média global (2,3%), embora ainda aquém dos 6–8% considerados necessários para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. A África Subsariana (excluindo a África do Sul) lidera com 4,3%, impulsionada por segmentos como agronegócio, telecomunicações e consumo urbano jovem.

Esta performance média mascara, contudo, disparidades profundas entre regiões e países. Economias como Quénia, Costa do Marfim e Etiópia mantêm trajectórias positivas, enquanto Angola, Nigéria e Gana enfrentam uma combinação de endividamento crónico, pressões cambiais e dependência de exportações pouco diversificadas. Em mais de 25 países, o custo do serviço da dívida representa mais de 20% das receitas fiscais.

Além disso, a exposição a choques climáticos tem vindo a aumentar, afectando colheitas, infra-estruturas e estabilidade socioeconómica. A UNCTAD salienta que o impacto dos eventos climáticos extremos já é mais elevado em termos de PIB nos países africanos do que em qualquer outra região do mundo.

Do ponto de vista fiscal, os Estados enfrentam margens de manobra cada vez mais estreitas. O acesso aos mercados internacionais de capitais está limitado, com taxas de juro elevadas e aumento dos prémios de risco. A ajuda pública ao desenvolvimento e os financiamentos concessionais também têm vindo a decrescer.

Face a estes constrangimentos, a integração regional aparece como uma alternativa vital. A Zona de Livre-Comércio Continental Africana (ZCLCA) tem potencial para aumentar o comércio intra-africano, que ronda apenas 15% do total, fomentar a industrialização e estimular a criação de emprego. Contudo, o sucesso da ZCLCA depende da convergência regulatória, da melhoria das infra-estruturas e da implementação efectiva dos acordos firmados.

A UNCTAD recomenda acções concertadas para melhorar a capacidade produtiva regional, com investimentos em logística, redes energéticas, acesso digital e financiamentos inovadores. Adicionalmente, sublinha a importância da mobilização de recursos domésticos através de reformas fiscais progressivas e maior formalização económica.

Outra alavanca estratégica é a transição energética. O continente africano detém cerca de 30% das reservas globais de minerais críticos, como cobalto, lítio e grafite. O desenvolvimento de cadeias de valor locais nestes sectores pode estimular a industrialização, desde que acompanhado de políticas de conteúdo local, protecção ambiental e cooperação tecnológica.

O Capítulo C conclui que o futuro económico de África está condicionado pela capacidade dos seus líderes e instituições em formular respostas pró-activas, adaptadas aos choques globais e ancoradas em visões estratégicas regionais. Uma nova narrativa de desenvolvimento africano, centrada na soberania produtiva, na inclusão e na sustentabilidade, é essencial para transformar as vulnerabilidades actuais em oportunidades de longo prazo.

Fonte: O Económico

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