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A Inflação moderada nos EUA está a alimentar expectativa de cortes nas taxas pela Fed, mas investidores permanecem cautelosos face à incerteza das negociações tarifárias e ao fraco apetite por activos denominados em dólares.
As acções asiáticas subiram esta quarta-feira, 14/05, em reacção à trégua temporária na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, ao passo que o dólar permaneceu pressionado, reflectindo a hesitação dos investidores perante a incerteza económica e política em torno das tarifas e da trajectória futura da Reserva Federal.
Mercados reagem à pausa tarifária, mas com prudência
O alívio gerado pela trégua de 90 dias na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China impulsionou os principais índices asiáticos, com o MSCI da Ásia-Pacífico a subir 1,1% e o Hang Seng de Hong Kong a avançar 1,4%, beneficiando-se dos sólidos resultados da JD.com. A expectativa gira agora em torno dos lucros da Tencent e da Alibaba.
Apesar do optimismo cauteloso, analistas como Tony Sycamore, da IG, mantêm reservas. “Ainda é cedo para apostar fortemente nesta recuperação. Há demasiadas incertezas quanto ao que virá a seguir nas negociações tarifárias com outros países”, referiu.
Inflação controlada e Fed em compasso de espera
O relatório de inflação ao consumidor nos EUA revelou uma subida inferior ao previsto, o que reforçou as expectativas de que a Reserva Federal poderá vir a cortar as taxas de juro ainda este ano. Contudo, o banco central permanece prudente, esperando por mais sinais antes de qualquer movimento.
Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia do HSBC, destacou: “Apesar da trégua, os investidores continuam hesitantes, sobretudo pela existência de prazos e pela incerteza que ainda pesa sobre o comércio internacional”.
Dólar enfraquecido e retirada de capitais
A moeda norte-americana perdeu 0,4% face ao iene e manteve-se estável face ao euro. O índice do dólar consolidou uma queda de 0,8% no dia anterior, com gestores globais a manterem a maior posição de subponderação no dólar dos últimos 19 anos, segundo o inquérito mensal do Bank of America.
Este movimento ilustra uma clara diminuição do apetite por activos norte-americanos, reflexo directo da política comercial de Trump e das dúvidas quanto à estabilidade macroeconómica futura.
Próximos sinais: retalho nos EUA e conflito na Ucrânia
Com os números da inflação digeridos, os mercados voltam-se agora para os dados de vendas a retalho nos EUA, a serem divulgados na quinta-feira, como novo termómetro da saúde económica. No mesmo dia, estão agendadas negociações entre Ucrânia e Rússia em Istambul, com esperanças renovadas de cessar-fogo no mais mortal conflito europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
Fonte: O Económico