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Na IV Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Financiamento ao Desenvolvimento, o Presidente Daniel Chapo sublinhou que o investimento privado deve ser encarado como um imperativo estratégico para acelerar o crescimento de Moçambique, numa altura em que os recursos públicos se mostram insuficientes para dar resposta às metas nacionais e globais.
Discursando em Sevilha, durante a mesa-redonda sobre “Alavancar as Empresas e o Financiamento Privado”, o Chefe de Estado moçambicano defendeu uma viragem decisiva na mobilização de capital privado como eixo central da estratégia de desenvolvimento do país. “O financiamento privado emerge, não apenas como complemento, mas como um imperativo estratégico”, declarou.
Chapo afirmou que Moçambique atravessa um momento de transformação económica com metas ambiciosas de redução da pobreza, criação de emprego e construção de infra-estruturas resilientes, destacando que estas prioridades estão alinhadas com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Ao reconhecer que o financiamento público “por si só é insuficiente”, o Presidente apelou à criação de condições propícias para atrair capital privado, sublinhando a necessidade de reformas legais e institucionais que promovam transparência, boa governação, inovação e um ambiente de negócios competitivo.
O estadista destacou ainda o potencial da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) como factor impulsionador da internacionalização das empresas moçambicanas, ao abranger um mercado de 1,4 mil milhões de consumidores. “Alavancar as empresas e o investimento privado não é uma opção, mas uma condição essencial”, afirmou, reiterando o compromisso com políticas que promovam o empreendedorismo e o Conteúdo Local.
À margem da conferência, Chapo reuniu-se com o Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Álvaro Lario, e com o Presidente do Grupo Barceló, Simón Pedro Barceló. O FIDA destacou os investimentos em curso no sector agrícola moçambicano e o seu contributo para o emprego jovem e rural. Já o Grupo Barceló manifestou interesse em expandir-se para Moçambique, sinalizando oportunidades crescentes no sector do turismo.
As declarações e encontros em Sevilha reflectem uma mudança estratégica na diplomacia económica de Moçambique, com o sector privado a ganhar centralidade no discurso de desenvolvimento. Ao defender a mobilização de capitais privados como motor de crescimento e transformação estrutural, o Presidente Chapo procura projectar Moçambique como destino confiável para o investimento produtivo e parceiro activo na reformulação da arquitectura financeira internacional.
Fonte: O Económico