“É com grande honra e um profundo senso de responsabilidade que Moçambique marca presença nesta conferência global, aqui em Sevilha, dedicada ao financiamento ao desenvolvimento. Saudamos a aprovação do Compromisso de Sevilha”, afirmou Daniel Chapo na sua intervenção, sublinhando o papel da cooperação multilateral no cumprimento da Agenda 2030 das Nações Unidas.
O Presidente da República destacou que, apesar de Moçambique ter registado crescimento económico assinalável nas últimas duas décadas, choques internos e externos têm contribuído para a desaceleração da economia.
“O terrorismo no norte do país, especialmente em alguns distritos da província de Cabo Delgado, e eventos climáticos extremos, como cheias, inundações e ciclones, têm provocado instabilidades sociais”, disse, observando que esses factores afectam particularmente o emprego jovem, a segurança alimentar e a capacidade do Estado de financiar sectores cruciais.
Nesse contexto, o estadista moçambicano apresentou a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025–2044, ancorada em cinco pilares interligados: boa governação, infraestruturas estratégicas, industrialização, capital humano e sustentabilidade ambiental.
Daniel Chapo defendeu igualmente uma maior inclusão no acesso ao financiamento e a adopção de instrumentos inovadores como o financiamento misto. Sublinhou ainda a urgência de fortalecer os Bancos Nacionais de Desenvolvimento como plataformas catalisadoras do investimento, particularmente na industrialização, Pequenas e Médias Empresas e agricultura.
O Chefe do Estado referiu que, no plano interno, Moçambique está a priorizar a expansão da base tributária, a modernização fiscal, incluindo a tributação digital, e a implementação de uma Estratégia Nacional de Financiamento Climático, com a meta de tornar o país num exemplo regional em finanças verdes até 2035.
Durante o seu discurso, Chapo apresentou cinco propostas estratégicas que Moçambique leva à conferência: uma nova Parceria Global para Financiamento Climático Baseado em Resultados; a criação de bancos de desenvolvimento voltados à industrialização rural; uma plataforma continental de inclusão financeira digital; mecanismos multilaterais para gestão sustentável da dívida; e um compacto global para formação de capital humano.
A IV Conferência Internacional sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, que decorre sob a égide das Nações Unidas, visa renovar os compromissos globais em torno da mobilização de recursos para o desenvolvimento sustentável, com foco especial em países de rendimento baixo e médio, como Moçambique.
Fonte: O País