A passagem do ciclone tropical Jude pela província de Nampula, no norte de Moçambique, já resultou em pelo menos cinco óbitos confirmados pelas autoridades locais, além de provocar danos significativos a infra-estruturas e deixar milhares de pessoas desalojadas. O fenómeno meteorológico, acompanhado de ventos fortes e chuvas intensas, atingiu diversas regiões da província, causando destruição e perturbações na circulação de pessoas e bens.
O Presidente do Conselho Municipal de Nacala, Faruk Nuro, confirmou a ocorrência de quatro mortes na cidade devido ao desabamento de habitações. “A situação aqui em Nacala é crítica e continua a chover intensamente”, declarou. De acordo com o edil, a tempestade abriu uma cratera de grandes dimensões na zona baixa da cidade, colocando em risco edifícios e agravando as dificuldades de mobilidade.
O quinto óbito foi registado no distrito de Meconta, onde três pessoas ficaram feridas, conforme informou Albino Mucuna, secretário permanente distrital. As autoridades continuam a monitorizar a situação, especialmente no distrito de Mossuril, apontado como a porta de entrada do Jude em Moçambique. No local, muitas famílias encontram-se desalojadas e foram temporariamente acolhidas em escolas.
Impacto na Rede Eléctrica e Serviços Públicos
A Electricidade de Moçambique (EDM) comunicou que cerca de 400 mil clientes ficaram sem fornecimento de energia eléctrica em vários distritos da província, incluindo bairros da cidade de Nampula. As equipas técnicas da empresa estão no terreno para avaliar os danos e iniciar a reposição do serviço assim que as condições climatéricas permitirem.
Além disso, a companhia aérea nacional, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), cancelou todos os voos de e para Nampula, Pemba e Nacala nos dias 9 e 10 de Março, visando garantir a segurança operacional dos passageiros. A empresa assegurou que os voos serão retomados assim que as condições meteorológicas forem favoráveis.
Encerramento das Escolas e Medidas de Protecção
A Direcção Provincial da Educação de Nampula determinou o encerramento de todas as escolas da província como medida preventiva para proteger alunos e professores. Num comunicado oficial, o director provincial da Educação, William Tunzine, apelou aos gestores escolares para assegurarem a salvaguarda dos livros e materiais didácticos das escolas.
Dados oficiais indicam que, neste ano lectivo, a província de Nampula conta com mais de 2,1 milhões de alunos, sendo que o encerramento das escolas poderá impactar significativamente o calendário académico.
Terceiro Ciclone em Três Meses
O ciclone Jude é o terceiro a atingir Nampula desde Dezembro de 2024, seguindo-se aos ciclones Chico e Dikeledi, que já haviam deixado um rasto de destruição e desalojado milhares de pessoas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), o Jude entrou no território moçambicano através dos distritos de Mossuril e Nacala, com ventos superiores a 120 km/h e precipitação intensa.
O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) estima que cerca de 341 mil pessoas possam ser afectadas pelo ciclone, incluindo residentes da província central da Zambézia.
Recomendações das Autoridades
As autoridades moçambicanas continuam a apelar à população para que tome medidas de precaução, evitando áreas de risco e procurando abrigos seguros. A EDM recomendou que os moradores desliguem o quadro geral de electricidade e evitem contacto com cabos eléctricos danificados para evitar acidentes.
O Governo está a mobilizar equipas de emergência para prestar assistência às comunidades afectadas e garantir o restabelecimento progressivo dos serviços essenciais.
O impacto do ciclone Jude reforça a vulnerabilidade de Moçambique a eventos climáticos extremos, exigindo maior investimento em infra-estruturas resilientes e em mecanismos de resposta rápida para minimizar os danos e garantir a segurança da população. À medida que a tempestade avança, permanece a incerteza quanto à dimensão total dos estragos, com as equipas de emergência a trabalharem para fornecer apoio às vítimas e restaurar a normalidade nas áreas afectadas.
Fonte: O Económico
