Os preços do petróleo registaram uma nova queda esta terça-feira, 11/03, prolongando um recuo de dois dias consecutivos, num contexto de incerteza económica global. A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, o impacto das tarifas comerciais na economia mundial e a decisão da OPEP+ de aumentar a produção continuam a pressionar os mercados.
O barril de Brent, referência internacional, recuou 0,1%, situando-se em 69,22 dólares às 04h02 GMT, enquanto o crude West Texas Intermediate (WTI), dos EUA, perdeu 0,2%, caindo para 65,90 dólares por barril.
Impacto das Tarifas e Temores de Recessão nos EUA
As políticas protecionistas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm causado turbulência nos mercados internacionais. Trump impôs e, posteriormente, adiou tarifas sobre os principais fornecedores de petróleo dos EUA, como o Canadá e o México, ao mesmo tempo que aumentou as tarifas sobre produtos chineses. Em resposta, tanto a China como o Canadá adoptaram medidas retaliatórias, agravando a tensão comercial.
No último fim de semana, Trump reconheceu que os EUA podem enfrentar um “período de transição” na economia, mas recusou-se a prever uma recessão. Contudo, os seus comentários provocaram uma onda de vendas no mercado, à medida que os investidores passaram a incorporar nos seus cálculos um potencial enfraquecimento da procura global por petróleo.
“Os comentários de Trump desencadearam um movimento de venda massivo, uma vez que os investidores começaram a precificar o risco de um crescimento mais fraco na procura”, afirmou Daniel Hynes, estrategista sénior de commodities do ANZ.
A incerteza sobre a política comercial norte-americana também afetou os mercados acionistas. Na segunda-feira, os três principais índices bolsistas dos EUA registaram quedas expressivas, com o S&P 500 a sofrer a sua maior desvalorização diária desde 18 de Dezembro e o Nasdaq a perder 4%, o seu maior recuo percentual diário desde Setembro de 2022.
A pressão sobre as tarifas comerciais foi reforçada pelo Secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que assegurou que Trump manterá a postura firme em relação às tarifas sobre o México, o Canadá e a China.
OPEP+ Mantém Política de Produção Flexível
No lado da oferta, a OPEP+ anunciou uma estratégia de aumento de produção para abril, mas manteve aberta a possibilidade de reverter essa decisão, caso ocorram desequilíbrios no mercado. O Vice-Primeiro-Ministro da Rússia, Alexander Novak, revelou que o grupo decidiu elevar a produção, mas que a sua resposta à evolução do mercado permanecerá flexível.
Apesar das quedas recentes, o nível de suporte técnico do Brent em torno dos 70 dólares por barril pode gerar um efeito de estabilização. “O Brent a rondar os 70 dólares por barril é um suporte forte e pode motivar uma recuperação técnica dos preços. No entanto, a resposta da OPEP+ continuará a ser ajustada conforme as condições do mercado”, explicou Suvro Sarkar, especialista do sector energético no DBS Bank.
A volatilidade dos preços do petróleo reflecte a interligação entre factores políticos, económicos e de oferta e procura no mercado energético global. A incerteza sobre a política comercial dos EUA, aliada à resposta estratégica da OPEP+, deverá continuar a influenciar os preços no curto prazo. A atenção dos investidores permanece voltada para possíveis mudanças na política tarifária e para os impactos de uma eventual recessão na procura global por energia.
Fonte: O Económico
