No imediato, a resposta dos mercados norte-americanos foi contida: o S&P 500 caiu ligeiramente, o Nasdaq recuou, e apenas o Dow Jones fechou em alta, numa demonstração clara de que o corte já estava integralmente incorporado nas expectativas dos investidores. A ausência de surpresa foi determinante para a reacção morna.
Semanas depois, os analistas continuam a apontar que os impactos mais notórios não se encontram na liquidez ou no apetite de risco, mas sim nas percepções sobre a trajectória futura da Fed. O chamado “dot plot” revelou que os decisores antecipam apenas mais um corte em 2026, em contramão com as expectativas mais agressivas dos operadores. Esta divergência sustenta a incerteza e explica porque os fluxos de capital não se deslocaram de forma significativa.
Nos sectores económicos, os efeitos directos do corte foram igualmente discretos. O segmento tecnológico, por exemplo, permanece sob pressão não pela política monetária, mas por tensões geopolíticas, como o recente bloqueio chinês a chips da Nvidia. Empresas inovadoras como a Meta prosseguem os seus lançamentos, como os óculos inteligentes, sem sinais de que o custo do dinheiro tenha influenciado decisivamente as suas estratégias.
No plano internacional, o impacto para mercados emergentes foi marginal. Alguns países observaram um ligeiro alívio cambial e menor pressão sobre as reservas, mas o efeito dissipou-se rapidamente, à medida que os investidores voltaram a considerar que a Fed não embarcará num ciclo prolongado de cortes.
Em síntese, a decisão da Fed projectou sobretudo um sinal psicológico de cautela, mais do que uma alteração estrutural na economia. O corte serviu como “gestão de risco”, nas palavras de Jerome Powell, mas os mercados deixaram claro que esperam medidas mais robustas — ou maior clareza sobre o futuro — para reagirem de forma mais expressiva, ou seja, Não houve impactos significativos além de ajustes marginais e temporários. O corte foi absorvido rapidamente, com os mercados a demonstrar que aguardam por maior clareza da Fed ou por medidas mais ousadas para reagirem de forma consistente.
Fonte: O Económico