Após quatro anos de paralisação devido a ataques insurgentes, o megaprojecto de 20 mil milhões de dólares da TotalEnergies pode avançar com nova aprovação do US Export-Import Bank (Exim).
O Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (Exim) está a avaliar, uma decisão crucial sobre o financiamento do projecto Mozambique LNG, operado pela TotalEnergies. A informação foi inicialmente reportada pela Bloomberg, que destacou que a aprovação poderá destravar o reinício das obras da infraestrutura de gás natural liquefeito (GNL), interrompidas há quatro anos devido à insegurança em Cabo Delgado.
A revisão do empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares, inicialmente acordado em 2019, ocorre no contexto da recente reformulação do conselho do Exim, promovida pelo Presidente Donald Trump. Com a nova composição, o banco estatal norte-americano retomou a análise de mudanças nos termos de financiamento, um passo essencial para que o projecto volte a avançar.
TotalEnergies espera sinal verde para retomar obras
A decisão do Exim é um dos últimos obstáculos para a retoma do maior investimento estrangeiro em Moçambique, que tem potencial para transformar a economia do país. Segundo Patrick Pouyanné, CEO da TotalEnergies, a revisão do financiamento é necessária para ajustar novos prazos de conclusão até 2030, devido ao impacto da suspensão das actividades.
“Agora temos um Exim funcional — o Presidente Trump decidiu estabelecer um novo conselho”, afirmou Pouyanné durante o evento CERAWeek, em Houston, na última terça-feira.
A TotalEnergies já investiu milhares de milhões de dólares no projecto, e a aprovação do Exim seria um marco crucial para atrair novos financiamentos. Além dos EUA, as agências de crédito à exportação do Reino Unido e dos Países Baixos também precisam aprovar seus respectivos empréstimos para completar o pacote financeiro.
Questões de segurança e desafios logísticos
Embora o financiamento seja um avanço significativo, a segurança em Cabo Delgado continua a ser uma preocupação crítica. A TotalEnergies e os seus parceiros têm trabalhado para garantir um ambiente seguro para o retorno das operações, mas as acções insurgentes na região ainda geram incertezas.
Em Fevereiro, a empresa suspendeu a construção de um campo temporário para 9.500 trabalhadores e plataformas para processamento de gás, refletindo a necessidade de estabilidade antes da retomada total.
“Garantias de segurança para os trabalhadores são essenciais”, destacou Pouyanné numa conferência de resultados realizada a 5 de Fevereiro.
Interesse dos EUA e política energética de Trump
A nova administração do Exim, agora sob influência de Donald Trump, tem adoptado uma postura favorável ao projecto. O ex-presidente e actual candidato à reeleição defende uma estratégia de dominância energética dos EUA e apoia fortemente investimentos no sector de petróleo e gás.
Recentemente, Trump nomeou Bryce McFerran, ex-comerciante de commodities da Morgan Stanley, como chefe interino de operações bancárias do Exim. Com a nova composição do conselho, o banco reafirmou que está a conduzir uma revisão detalhada das mudanças nos termos financeiros do empréstimo para garantir conformidade com as políticas da administração norte-americana.
Impacto económico para Moçambique
Caso a decisão do Exim seja favorável, Moçambique poderá finalmente avançar com um dos projectos mais esperados da sua história recente. O Mozambique LNG é visto como um catalisador para o desenvolvimento económico do país, gerando receitas significativas e fortalecendo o papel do país no mercado global de gás natural.
Para além da exportação de GNL, espera-se que a retoma do projecto impulsione o emprego, a infra-estrutura e o crescimento industrial, consolidando Moçambique como um dos principais produtores de gás em África.
A reunião do Exim desta quinta-feira pode marcar um ponto de viragem para o futuro do Mozambique LNG. Caso seja aprovado, o financiamento norte-americano poderá desbloquear uma cascata de novos investimentos e acelerar o regresso das operações em Cabo Delgado. No entanto, a segurança na região e a posição dos restantes financiadores ainda são desafios a serem superados antes da retoma definitiva do megaprojecto.
Fonte: O Económico