O dólar americano registou uma queda significativa na segunda-feira, 20 de Janeiro, após um membro da nova administração dos Estados Unidos confirmar que o presidente Donald Trump não imporia tarifas comerciais no seu primeiro dia no cargo. A declaração aliviou os mercados globais, que temiam uma implementação imediata de uma “blitz tarifária”, prometida durante a campanha, o que poderia perturbar os fluxos comerciais e aumentar os custos globais.
Donald Trump, que assumiu a presidência no final do dia, havia prometido anteriormente tarifas de 10% sobre importações globais, 60% sobre produtos chineses e 25% sobre bens canadianos e mexicanos. Estas medidas, embora ainda não implementadas, continuam a gerar incertezas e expectativas quanto ao impacto económico e político.
Reações do Mercado Financeiro
Após o anúncio, o dólar canadiano, o peso mexicano e o yuan chinês valorizaram entre 1% e 1,5%, refletindo o alívio nos mercados regionais. O euro teve uma valorização de 1,5% face ao dólar, marcando a maior subida diária em mais de um ano. Por outro lado, os mercados acionistas europeus registaram uma recuperação moderada, enquanto os futuros do S&P 500 subiram 0,2%.
Comentários de Especialistas: Frederik Ducrozet, director de estudos macroeconómicos da Pictet Wealth Management, considerou a abordagem de Trump como um sinal encorajador de abertura para negociações. Ele destacou, no entanto, a necessidade de detalhes sobre o âmbito das tarifas e os sectores afectados.
Nick Rees, chefe de pesquisa macro na Monex Europe, alertou que, embora as tarifas amplas no primeiro dia sejam improváveis, medidas mais direccionadas podem ser aplicadas em breve. Ele apontou que os mercados poderão reagir negativamente quando os detalhes das políticas forem clarificados nos próximos dias.
Kathleen Brooks, directora de investigação da XTB, destacou que o impacto económico dependerá da velocidade com que Trump assinará ordens executivas. Relatórios sugerem que o presidente pode autorizar até 100 ordens no início do mandato, incluindo desregulamentações nos sectores de energia e financeiro, além de memorandos para avaliar as relações comerciais com China, México e Canadá.
Impactos no Mercado Global
A decisão de adiar as tarifas, embora temporariamente favorável ao mercado, não eliminou completamente os receios de políticas protecionistas. A continuidade das instruções para avaliar práticas comerciais e défices nos Estados Unidos indica que novas medidas tarifárias podem ser adotadas em breve.
Boris Kovacevic, estratega macro global da Convera, observou que o euro registou um dos melhores desempenhos em relação ao dólar americano, atingindo US$ 1,04. Esse movimento foi impulsionado pela atenuação das tensões comerciais e por um sentimento de risco que beneficiou outras moedas principais.
A ausência de tarifas imediatas no primeiro dia do mandato de Donald Trump trouxe algum alívio aos mercados financeiros globais. No entanto, a incerteza em torno das políticas comerciais e económicas da nova administração mantém os investidores atentos. Especialistas apontam que o impacto a longo prazo dependerá de como as políticas tarifárias e económicas serão implementadas, especialmente no contexto de relações comerciais tensas com parceiros como China, México e Canadá.
Os próximos dias serão cruciais para determinar a direção do dólar e o impacto das políticas comerciais na economia global. Os mercados permanecerão sensíveis às decisões da administração Trump, com foco nas implicações para o comércio, a inflação e o crescimento económico.
Fonte: O Económico
