O dólar iniciou a semana em alta após registar a sua pior performance em mais de um ano na semana passada. A recuperação ocorre em meio ao ressurgimento de preocupações sobre tarifas comerciais, enquanto os mercados aguardam a reunião do Federal Reserve (Fed), onde se espera que as taxas de juro sejam mantidas inalteradas.
Na semana passada, o dólar sofreu pressões devido ao alívio das preocupações tarifárias. No entanto, novos receios emergiram após um impasse comercial entre os Estados Unidos e a Colômbia, que quase resultou numa guerra comercial. A administração de Donald Trump ameaçou impor tarifas à Colômbia caso o país não aceitasse voos militares com deportados, o que levou Bogotá a ameaçar com represálias. A tensão foi resolvida com a Colômbia a ceder à exigência norte-americana.
Charu Chanana, estrategista-chefe da Saxo, afirmou que as tensões com a Colômbia mostram que é prematuro descartar os riscos associados às tarifas. A situação reacendeu os receios de possíveis medidas contra outros países como Canadá, México e China, com um prazo de decisão até 1 de fevereiro.
Repercussões no Mercado Cambial e de Commodities
A ameaça de tarifas também pressionou moedas como o peso mexicano, que recuou 0,7%, atingindo 20,409 por dólar. A moeda canadiana enfraqueceu ligeiramente, situando-se em 1,4385 dólares norte-americanos. A possibilidade de novas tarifas por parte dos Estados Unidos reacendeu preocupações sobre a inflação global, influenciando os rendimentos de títulos do Tesouro norte-americano e sustentando o dólar.
Na Europa, o euro caiu 0,2%, fixando-se em 1,0467 dólares, antes de uma reunião do Banco Central Europeu (BCE), que deverá anunciar um corte nas taxas de juro. A libra esterlina também recuou ligeiramente, sendo negociada a 1,2450 dólares.
No Japão, o iene começou a semana estável em 155,88 por dólar, após o Banco do Japão (BOJ) aumentar as taxas de juro para o nível mais alto desde a crise financeira global. O governador do BOJ, Kazuo Ueda, declarou que os aumentos continuarão enquanto os salários e os preços subirem, o que pode fortalecer o iene nos próximos meses.
Atenção na reunião do Federal Reserve
Os mercados estão agora focados na reunião do Federal Reserve, que ocorrerá esta semana. Apesar de se esperar que o banco central mantenha as taxas de juro inalteradas, investidores procuram sinais de possíveis cortes no futuro, especialmente se a inflação se aproximar da meta anual de 2%.
Dados recentes mostram que a atividade empresarial nos Estados Unidos atingiu o nível mais baixo em nove meses, enquanto as vendas de casas usadas subiram para o ponto mais alto em dez meses. Estes dados reforçam a narrativa de um crescimento moderado, mas ainda sólido.
Impactos no Mercado de Criptomoedas
O mercado de criptomoedas também foi influenciado pelas decisões recentes do governo Trump. O Bitcoin caiu para 100.751,90 dólares, próximo do seu mínimo semanal, embora continue perto do recorde histórico de 109.071,86 dólares alcançado na semana passada. A queda foi considerada temporária, com investidores a preverem uma recuperação robusta a curto prazo.
A criação de um grupo de trabalho por Trump para regulamentar criptomoedas e a remoção de orientações da SEC que dificultavam a adoção do setor geraram otimismo. Especialistas acreditam que estas medidas poderão impulsionar ainda mais a adoção de criptoativos nos próximos meses.
Perspectivas e desafios
A recuperação do dólar reflete o ressurgimento das tensões comerciais e as expectativas em torno da política monetária dos Estados Unidos. Contudo, o mercado cambial continua volátil, influenciado por decisões políticas, geopolíticas e monetárias. Enquanto a administração Trump mantém uma abordagem agressiva em relação ao comércio, os mercados deverão continuar atentos a qualquer mudança que afete a estabilidade económica global.
Fonte: O Económico