Os preços do petróleo registaram uma queda nesta segunda-feira, depois de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, ter reiterado o seu apelo à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para reduzir os preços, numa tentativa de enfraquecer economicamente a Rússia e acelerar o fim do conflito na Ucrânia.
O Brent, referência global, caiu 53 cêntimos (0,68%), situando-se em 77,97 dólares por barril às 04h30 GMT, enquanto o West Texas Intermediate (WTI), referência nos Estados Unidos, recuou 50 cêntimos (0,67%), para 74,16 dólares por barril.
Trump: Redução de Preços como Arma Geopolítica
Na sexta-feira, Trump afirmou que a redução dos preços do petróleo pela OPEP seria uma forma de enfraquecer as finanças russas e, assim, pôr termo à guerra na Ucrânia. “Uma maneira de parar isso rapidamente é a OPEP parar de ganhar tanto dinheiro e reduzir o preço do petróleo… Essa guerra terminará imediatamente”, disse Trump.
Adicionalmente, ameaçou implementar tarifas e sanções sobre países envolvidos no conflito caso as negociações não avancem. Em paralelo, Vladimir Putin, presidente da Rússia, sinalizou a sua abertura para dialogar com Trump sobre a guerra na Ucrânia e os preços da energia, indicando uma possível reaproximação para negociações.
Especialistas destacam que estas declarações aumentam a incerteza nos mercados energéticos. John Driscoll, da consultoria JTD Energy, afirmou que estas movimentações criam volatilidade nos mercados de petróleo, uma vez que refletem um jogo de forças entre as potências envolvidas.
OPEP Mantém Estratégia, Mas Sob Pressão
Apesar das declarações de Trump, a OPEP e seus aliados, incluindo a Rússia, ainda não reagiram publicamente. Fontes da organização indicam que já há um plano para aumentar a produção de petróleo a partir de abril, uma decisão alinhada com as expectativas de mercado. Contudo, analistas alertam que a pressão geopolítica pode levar a ajustes adicionais na política de produção.
Enquanto isso, os preços do petróleo foram pressionados pela redução da preocupação com as sanções ao petróleo russo. Segundo o Goldman Sachs, os elevados custos de frete têm incentivado o uso de embarcações não sancionadas, permitindo que o petróleo russo chegue aos mercados, especialmente para compradores sensíveis ao preço. Ainda assim, o JP Morgan destacou que cerca de 20% da frota global Aframax está sujeita a sanções, justificando a inclusão de prémios de risco nos preços globais.
Impacto nas Relações Comerciais com a Colômbia
Num desenvolvimento paralelo, os Estados Unidos desistiram de impor sanções e tarifas à Colômbia, depois de o país aceitar receber migrantes deportados pelos EUA. A medida evitou possíveis interrupções no fornecimento de petróleo, uma vez que a Colômbia enviou cerca de 41% das suas exportações marítimas de petróleo para os EUA em 2023, segundo dados da Kpler. A decisão sublinha a importância estratégica da Colômbia no fornecimento energético da América do Norte, especialmente num contexto de crescente incerteza no mercado global.
Perspectivas e Desafios para o Mercado de Petróleo
A atual dinâmica no mercado global de petróleo evidencia os desafios colocados pelas tensões geopolíticas, a volatilidade nos preços e as decisões estratégicas da OPEP e dos seus aliados. Embora os EUA procurem expandir a sua produção doméstica para competir com os mercados tradicionais da OPEP, analistas indicam que o mercado global de petróleo continua a ser amplamente influenciado por fatores externos, como sanções, conflitos e alterações nas políticas de exportação.
À medida que as negociações entre Trump e Putin permanecem uma possibilidade, o mercado energético global enfrenta um futuro incerto, com potenciais impactos significativos nos preços e no equilíbrio de poder entre os principais atores do sector.
Fonte: O Económico