Bruno Alves foi Campeão da Europa em 2016 e quer voltar ao futebol português como vice-presidente, com a clara ambição de vencer as eleições da FPF, no dia 14 de fevereiro
— Deixaste de jogar em 2022 e a verdade é que estiveste apenas dois dias no desemprego. Arrumares as chuteiras e dois dias depois assumiste o cargo de diretor desportivo do AEK, na Grécia.
— Sem dúvidas, eu acredito que o futebol é como a vida. Quando tu dás 100 por cento, tu vais receber 100 por cento. Não existe dar 50 e receber 100.. Eu fui 23 anos profissional de futebol, joguei em seis países diferentes, joguei em torneios incríveis. Essas oportunidades que nos são dadas são por tudo aquilo que construímos no passado. Nos treinos com o meu pai e com a minha família, as horas de dedicação, os dias de treino, as horas de trabalho, a distância da família… Um atleta não é só uma hora de treino. É todo o dia a pensar como treinar, como jogar, como se cuidar e recuperar. São anos e horas de compromisso com o futebol. Eu cresci no futebol, vivo no futebol e quero continuar a viver. Por isso estou com toda a ambição e motivação para seguir nesta candidatura.
— Jogaste até muito tarde. A tua carreira também foi sempre muito pautada por essa preocupação de seres melhor, até na preocupação com a alimentação e a suplementação. É um Bruno Alves com uma visão abrangente que queres levar para a FPF, em caso de vitória?
— Sem dúvida. Uma parte é experiência, conhecimento vivido na prática, no dia-a-dia, na tentativa de erro e acerto. De tentar entender melhor como é que o nosso corpo funciona, como é que podemos treinar melhor, quais são as pessoas que nos podem ajudar a ser melhores.. Porque também é muito importante ter pessoas boas à tua volta. Pessoas que alavancam a tua vida, pessoas que dão conhecimento. É preciso ter essa experiência e eu gostava também de transmitir como ser um melhor atleta, como ser um melhor homem, como ter valores importantes dentro e fora de campo. Essa é uma das partes que eu posso trazer para as seleções, não só para a seleção principal, mas para toda a formação. Precisamos de criar atletas fortes, não só fisicamente, mas mentalmente. Sabendo como devem crescer no futebol, com os valores certos, criando relações humanas fortes e boas.
— Nessas relações humanas fortes e boas, criaste uma relação forte com o Cristiano Ronaldo e a verdade é que o próximo vice-presidente das seleções poderá ter de gerir o fim da carreira dele. Vai ser um desafio também para quem estiver nesse lugar?
— Eu acho que neste momento temos de continuar a desfrutar do Cristiano Ronaldo, porque ele ainda está no ativo, ainda está a fazer golos, ainda tem rendimento, ainda tem performance e seguramente tem a ambição de ser campeão mundial. Então nós neste momento temos que desfrutar do que o Cristiano tem para nos dar, para nos oferecer. Já nos ofereceu tanto… Já nos fez muitas vezes os melhores do mundo. Quando ele ganhava a Bola de Ouro também nós nos sentimos um pouco os melhores do mundo, porque ele trazia o nome de Portugal sempre com ele. Eu penso mais em desfrutar o que ele tem para viver do que pensar no final de carreira. Acredito que ele já sabe, o que vai fazer no pós-futebol. Mas, de uma coisa eu tenho a certeza, essa transição vai ser fácil. Quem fez o que ele fez, quem se dedicou da maneira como ele se dedicou, não vai ter muito mais para fazer. Ele deu tudo. Deu 100 por cento e recebeu 1000 por cento. Fico muito feliz como amigo e acredito que ele tem muito para dar no futebol e à Seleção. A Seleção e o país têm de se unir em torno do expoente máximo do nosso futebol.
— E quando olhas para a Seleção, é com orgulho que vês a chegada de novos jogadores e novas figuras que, passo e passo, vão conquistando terreno em Portugal, mas acima de tudo fora do país?
— Sem dúvidas. Os nossos clubes estão a fazer um grande trabalho na formação. Cada vez temos mais jogadores, mais talentos, que saem de Portugal e vão para as melhores equipas do mundo. Isso é um orgulho. É um orgulho termos treinadores bons, que tentam entregar as melhores condições para termos melhores atletas. E quem beneficia é a Federação e as seleções, onde recebemos os atletas e os ajudamos a crescer. Portugal é sinónimo de qualidade e de formação. Olhamos para o mundo e vemos os jogadores portugueses nos melhores clubes, vemos os nossos treinadores nos melhores clubes. Isso é sinal do que estamos a fazer bem. Podemos ainda fazer melhor e vamos continuar a fazer melhor, para ter um futebol melhor, e uma Seleção também melhor.
Fonte: A Bola