Início Economia EUA e China Anunciam “Progresso Substancial” nas Negociações, Mas Mantêm Tarifas Elevadas

EUA e China Anunciam “Progresso Substancial” nas Negociações, Mas Mantêm Tarifas Elevadas

0

Os Estados Unidos e a China anunciaram terem alcançado “progresso substancial” nas conversações realizadas na Suíça, no fim-de-semana, sinalizando uma possível abertura para pôr termo ao actual impasse tarifário. No entanto, nenhum dos lados revelou medidas concretas, e as tarifas impostas por ambos os países continuam nos níveis mais elevados da história recente.

Os dois maiores blocos económicos do planeta, os Estados Unidos e a China, encerraram no domingo duas rondas de negociações em Genebra com declarações de “progresso substancial”, embora sem fornecer detalhes sobre medidas imediatas. O Vice-Primeiro-Ministro chinês, He Lifeng, e o Secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, anunciaram a criação de um novo canal formal de negociações.

“He Lifeng qualificou o encontro como ‘um primeiro passo importante’ para resolver as diferenças comerciais”, refere a imprensa internacional. Já Bessent prometeu divulgar pormenores adicionais no início da semana, enquanto o lado chinês anunciou um comunicado conjunto para breve.

O clima positivo, contudo, contrasta com a ausência de compromissos tangíveis. As tarifas impostas por Donald Trump voltaram a subir nos últimos meses, alcançando 145% sobre bens chineses. A resposta de Pequim foi igualmente agressiva, com taxas de 125% sobre importações dos EUA.

Impacto económico e pressões eleitorais
A escalada tarifária levou a uma quebra de 21% nas exportações chinesas para os EUA no último mês. Analistas referem que o receio de ruptura nas cadeias de abastecimento e de desabastecimento nas prateleiras levou ao reacender das negociações. O Presidente norte-americano enfrenta pressão de empresários do retalho e prepara-se para eleições intercalares em 2026, um cenário que contrasta com a estabilidade política de Pequim.

Dexter Roberts, analista do Atlantic Council, destaca que “os chineses podem resistir mais tempo”, acrescentando que o desgaste político tem sido maior para Trump.

Cenário económico na China e hesitação nos mercados
Apesar de Pequim ter adoptado medidas de estímulo – como cortes nas taxas de juro e liquidez adicional para os bancos – os dados mostram sinais de fraqueza interna, incluindo três meses consecutivos de deflação no consumidor. Ainda assim, as bolsas chinesas reagiram positivamente às notícias de Genebra, com o CSI 300 a subir até 1,2%.

O que dizem os analistas
Segundo a Bloomberg Economics, mesmo no cenário mais optimista, com uma redução significativa das tarifas, o impacto sobre o comércio bilateral será limitado. “As tarifas sobre muitos produtos permaneceriam acima de 30%, o que poderá fazer cair as exportações chinesas para os EUA em até 60% no médio prazo”, alerta Jennifer Welch, analista-chefe de geoeconomia.

Martin Chorzempa, do Peterson Institute, reforça que a retoma do diálogo com a China poderá sinalizar abertura para negociações construtivas com outros países. “É o mais complicado dos relacionamentos bilaterais, e mesmo um acordo parcial é um bom sinal para o sistema global.”

Perspectivas futuras
O eventual telefonema entre os Presidentes Trump e Xi Jinping poderá marcar o próximo passo, dependendo dos relatórios de Bessent. O acordo de comércio de 2020, que previa compras chinesas adicionais de 200 mil milhões de dólares, permanece em vigor, mas com resultados limitados.

Enquanto isso, a retórica positiva parece destinada a estabilizar os mercados e aliviar tensões políticas, sem ainda alterar significativamente o regime tarifário vigente.

Fonte: O Económico

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

Exit mobile version