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South32 Alerta Para Incógnita Sobre Futuro da Mozal Devido a Incerteza no Fornecimento de Electricidade

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A multinacional mineira South32 anunciou que irá registar uma imparidade nos seus resultados de 2025 devido à crescente incerteza sobre o futuro da operação da fundição de alumínio Mozal, em Moçambique. O motivo principal prende-se com a falta de acordo sobre um novo tarifário de electricidade e com o risco crescente de escassez de energia hidroeléctrica a partir de Março de 2026.

A South32, empresa cotada nas bolsas da Austrália, África do Sul e Estados Unidos, divulgou que está a proceder à reavaliação do valor contabilístico da Mozal, a emblemática fundição de alumínio localizada nos arredores de Maputo. A revisão leva em conta a incerteza persistente quanto ao fornecimento energético à instalação após o fim do actual contrato, que expira em Março de 2026.

A fonte primária de energia da Mozal tem sido a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), empresa maioritariamente detida pelo Estado moçambicano. Contudo, sempre que a HCB não consegue suprir a totalidade da demanda, entra em cena a Eskom, empresa estatal sul-africana, como fornecedora de recurso.

“Há seis anos que estamos em negociações com o Governo de Moçambique, a HCB e a Eskom para garantir o fornecimento de energia a preços acessíveis para além de Março de 2026”, afirmou a South32 em comunicado.

Risco de Seca Agrava Incerteza

A situação agravou-se com a indicação recente da HCB de que as condições de seca poderão afectar a produção hidroeléctrica, reduzindo assim a capacidade de fornecer energia suficiente à Mozal. Esta realidade coloca em causa a continuidade operacional da fundição e levou a South32 a rever a sua orientação de produção para o exercício de 2026.

Em 2024, a Mozal produziu 314 mil toneladas de alumínio, consolidando-se como uma das maiores exportadoras industriais de Moçambique e um importante pilar fiscal e logístico da economia nacional.

Impacto Contabilístico e Económico

A imparidade esperada — ou seja, a redução do valor contabilístico do activo — será reflectida nos resultados financeiros do exercício de 2025. Esta medida indica que, nas actuais condições de incerteza, o valor recuperável da Mozal pode ser inferior ao valor registado nos livros da empresa.

Embora ainda não se conheça o montante exato da imparidade, ela envia um sinal preocupante ao mercado e às autoridades moçambicanas sobre o risco de descontinuidade operacional da fundição, caso não se assegure um quadro tarifário previsível e sustentável para o fornecimento de energia.

Diálogo em Curso, Mas Sem Garantias

A South32 reiterou o seu compromisso de continuar a dialogar com o Governo de Moçambique, a HCB e a Eskom com vista à definição de um novo acordo de energia. No entanto, reconhece que a falta de entendimento sobre preços acessíveis compromete a visibilidade sobre o futuro da operação.

Para Moçambique, a questão transcende o interesse empresarial. A Mozal é uma das maiores fontes de divisas do país, emprega centenas de trabalhadores moçambicanos e sustenta cadeias de valor industriais e logísticas estratégicas.

O alerta da South32 sobre o futuro da Mozal serve de lembrete sobre a centralidade do factor energia na viabilidade industrial em Moçambique. Num contexto de alterações climáticas, escassez hídrica e exigências de competitividade global, a garantia de fornecimento energético fiável e acessível torna-se um imperativo nacional. O desfecho das negociações em curso poderá determinar não apenas o futuro de uma unidade industrial, mas o de um pilar fundamental da economia moçambicana.

Fonte: O Económico

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