O Conselho de Ministros aprovou, esta terça-feira, o plano de desenvolvimento da segunda fase do projecto Coral Norte (FLNG), um empreendimento de grande envergadura que reforça a posição estratégica de Moçambique no panorama energético mundial. Avaliado em cerca de 7,2 mil milhões de dólares norte-americanos, o projecto prevê o início da produção de gás natural liquefeito (GNL) no segundo trimestre de 2028.
A iniciativa incide sobre o campo de gás natural Coral Eoceno 441, localizado na área offshore da bacia do Rovuma, e contempla a construção de uma nova unidade flutuante de liquefação (FLNG), com uma capacidade instalada de 3,55 milhões de toneladas métricas por ano (MTPA). Estão ainda previstos seis poços de produção, que irão alimentar a nova infra-estrutura de processamento.
Trata-se da continuação de um dos mais emblemáticos projectos energéticos em curso no país, liderado pelo consórcio que envolve a Eni como operadora, a ExxonMobil, a China National Petroleum Corporation (CNPC), a Galp, a KOGAS e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), esta última em representação do Estado moçambicano.
Segundo o porta-voz do Governo, a aprovação do plano sinaliza a confiança dos parceiros internacionais no potencial de Moçambique como fornecedor fiável de gás natural, num contexto global em que a transição energética exige fontes alternativas ao carvão e ao petróleo.
A decisão governamental surge num momento em que o país procura consolidar a exploração dos seus vastos recursos naturais para dinamizar a economia, criar emprego e gerar receitas fiscais. O impacto económico directo e indirecto deste investimento é significativo, tanto ao nível do Produto Interno Bruto como no posicionamento geopolítico de Moçambique.
Potencial transformador
A segunda fase do Coral Norte poderá representar não apenas a continuidade de um investimento estratégico, mas também a possibilidade de melhorar a infra-estrutura industrial ligada à cadeia do gás e fortalecer o conteúdo local. Espera-se que o projecto impulsione oportunidades para empresas nacionais e para o sector da formação técnica e profissional, contribuindo para o reforço de capacidades internas.
Analistas energéticos consideram que, se devidamente gerido, este investimento poderá constituir uma das alavancas do crescimento económico sustentável de Moçambique, sobretudo se conjugado com políticas de redistribuição de riqueza e inclusão das comunidades afectadas.
Contexto de instabilidade logística e de segurança
Apesar das boas notícias do lado dos investimentos, o Conselho de Ministros manifestou também preocupação com a recente escassez de combustível em algumas regiões do país, atribuindo o problema a falhas na cadeia logística. O Governo garantiu haver reservas suficientes nos portos e comprometeu-se a monitorizar a situação.
Por outro lado, as autoridades confirmaram a ocorrência de um ataque armado na localidade de Nhamapadza, província de Sofala, onde um grupo de indivíduos incendiou sete viaturas. Ainda que não tenham sido registadas vítimas humanas, o episódio reacende alertas sobre a segurança nas zonas de circulação rodoviária estratégica, como a Estrada Nacional Número Um (EN1).
Fonte: O Económico