O FC Porto fez a sua parte, em Belgrado, venceu um «simpático» Maccabi Tel Aviv (1-0) e carimbou o apuramento para o play-off de acesso aos oitavos de final da Liga Europa. Dito assim, até parece que tudo correu dentro do previsto aos «dragões», mas este FC Porto continua longe do seu melhor e os últimos minutos sufocantes desta noite criaram dúvidas, no mínimo, inesperadas.
Pode uma equipa transfigurar-se, em poucos dias, com a chegada de um novo treinador? Dificilmente, mas há pormenores que comprovam a influência de um novo líder, como a primeira versão do FC Porto de Martín Anselmi o demonstrou, sobretudo na primeira parte, em Belgrado.
No papel, o 4-3-3 era o desenho tático natural tendo em conta os onze jogadores escolhidos para iniciarem a partida, mas no relvado as coisas foram bem diferentes. Eustáquio andou sempre entre os centrais, que com bola abriam nas laterais, permitindo as subidas de João Mário e Francisco Moura. Alan Varela dava o necessário equilíbrio à equipa, permitindo a Nico González apoiar Pepê e Fábio Vieira na missão de acompanhar Namaso no ataque.
Também sem bola se viu um FC Porto diferente, mais agressivo e subido no terreno, muitas vezes quase marcando homem a homem os adversários, criando natural desconforto num Maccabi Tel Aviv que, praticamente arrumado das contas do play-off, jogou desinibido, sem grandes amarras.
Apesar das boas ideias portistas, a primeira parte teve pouca baliza. Os «dragões» tiveram maior caudal ofensivo, naturalmente, mas a melhor oportunidade até pertenceu aos israelitas, perto do intervalo, quando Tugerman, em contra-ataque, surgiu na cara de Diogo Costa, mas atirou ao lado.
O FC Porto desequilibrava sobretudo pela esquerda, com Francisco Moura muito ativo no ataque, só que, das poucas vezes que conseguiu criar situações de finalização, Namaso, com uma falta de confiança gritante, não deu o melhor seguimento.
Tal como disse na antevisão ao jogo, Anselmi confirmou que trabalhou muito as questões defensivas e os posicionamentos, só que, ao contrário do que acreditava, este FC Porto ainda não tem quem, por si só, desequilibre na frente.
Isso ficou plasmado na segunda parte, que até abriu com (mais) uma oportunidade clara para Namaso e prosseguiu com o golo de Nico González, que desviou com a cabeça um cruzamento de João Mário.
Parecia que o mais difícil havia sido conseguido, mas com este FC Porto o melhor é ficar sempre de pé atrás. Na resposta ao golo sofrido, o Maccabi Tel Aviv deixou um aviso sério, com um remate de Davida à barra. O extremo israelita, a par de Weslley Patati, foi uma constante dor de cabeça para os defesas portistas, numa última meia hora de constante sufoco junto à área dos «dragões».
Entre um desarme providencial de Otávio (69m), um desvio de calcanhar de Lemkin defendido, com dificuldade, por Diogo Costa (78m) e um golo anulado por fora de jogo (88m) ao Maccabi Tel Aviv, o FC Porto foi-se aguentado numa resistência anárquica, comandada pelo coração.
O FC Porto deixa Belgrado com a certeza de que, afinal, nem tudo lhe acontece. Desta vez, a «estrelinha» brilhou para o seu lado. Será o «dragão» capaz de a seguir daqui em diante?
Fonte: Mais Futebol