O mercado global do petróleo atravessa um período de relativa estabilidade, com o preço do Brent a oscilar entre 79 e 80 dólares por barril, segundo o Oil Market Report – Agosto 2025 da Agência Internacional de Energia (IEA). A combinação de uma produção global robusta e sinais de procura em recuperação, especialmente na Ásia, tem contribuído para manter os preços ancorados, mas a redução dos estoques comerciais e as persistentes tensões geopolíticas indicam que este equilíbrio é mais frágil do que aparente.
Oferta Global em Alta
A produção global de petróleo registou uma subida de 480 mil barris/dia em Julho, atingindo 103,4 mb/d. Este aumento foi liderado pela OPEP+, com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos a devolverem ao mercado parte da capacidade anteriormente cortada, numa tentativa de responder ao crescimento da procura e de manter a quota de mercado. Nos Estados Unidos, a produção de shale oil atingiu novos recordes, apoiada por ganhos de produtividade e por um ambiente de preços suficientemente atractivo para sustentar investimentos no sector.
Entre outros produtores relevantes, o Brasil e o Canadá também aumentaram a oferta, beneficiando de novos projectos de exploração e expansão de campos existentes. Em contrapartida, alguns membros da OPEP, como a Nigéria e Angola, continuam a enfrentar constrangimentos técnicos e de segurança que limitam o seu potencial de produção.
Procura Global em Recuperação
Do lado da procura, a IEA prevê um crescimento de 1,2 mb/d em 2025, com destaque para a retoma económica na China, Índia e Sudeste Asiático, onde a actividade industrial, a mobilidade e a aviação continuam a recuperar dos impactos da pandemia e de períodos de restrição cambial e energética.
Na Europa, a procura deverá crescer de forma mais modesta, condicionada por políticas de descarbonização e pela substituição gradual de combustíveis fósseis por alternativas renováveis. Ainda assim, factores sazonais, como um inverno mais rigoroso, poderão aumentar temporariamente o consumo de derivados para aquecimento.
Estoques Comerciais e Sinais de Aperto
Os estoques comerciais da OCDE recuaram pelo segundo mês consecutivo, com uma redução de 14,2 milhões de barris em Junho, posicionando-se 20 milhões abaixo da média de cinco anos. Esta tendência sugere que, apesar do aumento de produção, o mercado se mantém relativamente apertado, o que pode suportar os preços no curto prazo.
A redução de inventários é particularmente relevante no contexto da volatilidade logística global. Interrupções no Mar Vermelho devido a tensões geopolíticas, juntamente com limitações no tráfego marítimo em rotas estratégicas, como o Canal do Panamá, têm aumentado custos de transporte e provocado atrasos no abastecimento.
Factores de Risco e Incerteza
A estabilidade actual do mercado enfrenta riscos significativos:
Geopolítica: conflitos no Médio Oriente, incluindo tensões envolvendo grandes produtores, podem reduzir rapidamente a oferta global;
Clima: a época de furacões no Atlântico, especialmente no Golfo do México, pode afectar temporariamente plataformas de produção e refinarias costeiras;
Política Energética: mudanças súbitas nas políticas de exportação de países-chave, como restrições ou cortes voluntários, podem desequilibrar o mercado.
Perspectiva para o Segundo Semestre de 2025
A IEA projeta que o equilíbrio actual entre oferta e procura deverá manter os preços relativamente estáveis até ao final do ano, mas ressalva que oscilações súbitas são prováveis caso ocorram disrupções relevantes.
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p dir=”ltr”>Para países importadores líquidos, como Moçambique, a actual conjuntura oferece uma oportunidade estratégica para reforçar reservas e optimizar contratos de fornecimento, minimizando a exposição a potenciais choques futuros. No entanto, a forte dependência de factores externos e a sensibilidade a variações cambiais continuam a representar desafios significativos para a estabilidade interna dos preços dos combustíveis.
Fonte: O Económico