A segunda presidência de Donald Trump começou com sinais mistos nos mercados financeiros, marcados pela volatilidade e pela incerteza em relação às suas políticas económicas. Embora o discurso de posse e as primeiras ordens executivas não tenham imposto tarifas comerciais imediatas, Trump sinalizou a possibilidade de aplicar tarifas punitivas de 25% sobre o México e o Canadá a partir de 1 de Fevereiro, gerando preocupação nos mercados globais.
O dólar americano, um dos principais termómetros económicos globais, tem apresentado um comportamento misto, refletindo as expectativas em torno das políticas comerciais e fiscais da nova administração Trump. Após uma correcção de mais de 1% na semana passada, o dólar continua a ser pressionado por incertezas, mas mantém-se forte em relação a moedas emergentes, um reflexo do impacto das altas taxas de juro nos Estados Unidos.
A Dinâmica do Dólar e os Impactos Globais
O dólar americano mantém-se numa posição dominante no mercado global, mas as tendências recentes destacam desafios e oportunidades. Desde a reeleição de Donald Trump, a moeda registou apreciações consistentes, fortalecendo-se em relação a outras moedas principais. Este comportamento é impulsionado por medidas protecionistas e pacotes de estímulo fiscal, que aumentam a atratividade de ativos denominados em dólares.
Essa valorização, contudo, apresenta impactos negativos para economias emergentes, que enfrentam maiores custos para financiar dívidas externas e inflação importada. Além disso, um dólar forte combinado com altas taxas de juro e baixos preços de commodities pode elevar o risco de inadimplência soberana em países vulneráveis. A situação exige vigilância de governos e bancos centrais em mercados emergentes, especialmente aqueles com défices comerciais elevados.
Reacções dos Mercados Financeiros
No dia 20 de Janeiro, o dólar atingiu o maior valor em cinco anos face ao dólar canadiano, a 1,452 dólares canadianos, antes de se estabilizar em 1,44. As acções chinesas e o yuan registaram ligeiros ganhos, enquanto os futuros do S&P 500 subiram 0,2% e os futuros europeus recuaram 0,4%. Especialistas observam que as tarifas propostas por Trump são vistas como obstáculos significativos para o comércio global, mas existe esperança de que o pragmatismo prevaleça, reduzindo os impactos negativos.
Políticas pró-empresas e energia
Donald Trump apresentou uma agenda económica ambiciosa, incluindo desregulamentação, estímulo fiscal e medidas pró-empresas. Embora essas iniciativas possam impulsionar o crescimento económico e aumentar os lucros corporativos nos Estados Unidos, também trazem riscos, como o reacendimento da inflação e a pressão sobre as taxas de juro.
No sector energético, Trump reiterou o seu compromisso em expandir a produção de petróleo e gás, declarando uma emergência energética e retirando os Estados Unidos do Acordo de Paris. Essas ações, embora favoráveis ao sector de combustíveis fósseis, levantam preocupações em relação ao impacto ambiental e à competitividade dos sectores de energia renovável.
Bitcoin e criptomoedas
No mercado de criptomoedas, o Bitcoin registou um desempenho volátil. Após atingir quase 110.000 dólares na segunda-feira, 20 de Janeiro, devido a expectativas elevadas sobre a política económica de Trump, a criptomoeda recuou para 100.000 dólares. A ausência de anúncios favoráveis às criptomoedas trouxe desilusão, refletindo a dependência do mercado em relação às expectativas políticas.
Perspectivas
O regresso de Donald Trump à Casa Branca trouxe volatilidade e incertezas aos mercados financeiros globais. O dólar americano, embora fortalecido, apresenta desafios significativos para economias emergentes e mercados globais. As políticas protecionistas e o foco em estímulos fiscais continuarão a influenciar a dinâmica do mercado cambial, enquanto os investidores monitoram de perto os próximos passos da administração Trump.
Embora o discurso inicial tenha proporcionado algum alívio aos mercados, as sinalizações de tarifas comerciais e a abordagem pró-indústria pesada deixam analistas cautelosos. À medida que o segundo mandato avança, o impacto das políticas económicas de Trump será determinante para a estabilidade e o crescimento dos mercados globais.
Fonte: O Económico