Moçambique marca presença de destaque na Semana Africana da Energia (AEW), que decorre na Cidade do Cabo, África do Sul, levando à agenda internacional o potencial transformador dos projectos de gás natural de Cabo Delgado. O certame, reconhecido como o maior encontro energético do continente africano, não é apenas uma conferência, mas um espaço onde se forjam parcerias, se abrem rondas de licenciamento, se definem estratégias de transição e se reposiciona África no mapa global da energia.
A AEW reúne líderes políticos, reguladores, investidores e executivos da indústria provenientes de mais de 100 países, consolidando-se como a plataforma por excelência para o diálogo energético africano. Trata-se de um palco onde convergem não apenas debates sobre petróleo e gás, mas também perspectivas sobre energias renováveis, infra-estruturas, financiamento e cadeias de valor locais, reflectindo a complexidade da transição energética num continente rico em recursos, mas ainda carente de capital e tecnologia.
A participação de Moçambique surge, assim, num momento crucial. O país destaca, em Cape Town, oportunidades de investimento avaliadas em 20 mil milhões de dólares, ligadas ao emblemático projecto de gás natural liquefeito (GNL) de Cabo Delgado. Estas operações representam não apenas uma aposta industrial, mas também uma âncora para o desenvolvimento económico e social, com potencial de gerar receitas fiscais robustas, impulsionar exportações e criar milhares de empregos.
“O gás é fundamental para acelerar o progresso socioeconómico em Moçambique”, sublinham os representantes nacionais no encontro, reforçando a ideia de que a exploração de Cabo Delgado pode colocar o país como fornecedor estratégico num mercado global ávido por energia estável e diversificada.
Mais do que uma montra de projectos, a AEW é uma arena de negociações concretas. Governos lançam rondas de licenciamento, empresas celebram contratos e investidores exploram novas oportunidades em sectores como petróleo, gás, energias renováveis e infra-estruturas críticas. É neste contexto que Moçambique procura atrair capital e know-how, mostrando-se como destino competitivo e seguro para investimentos de longo prazo.
A relevância do certame advém ainda da sua capacidade de alinhar agendas políticas e empresariais: decisões tomadas na AEW frequentemente traduzem-se em novos investimentos e parcerias estratégicas para o continente. Para Moçambique, participar neste fórum significa não só projectar o potencial dos seus recursos, mas também assegurar voz activa no debate sobre o futuro energético africano, num contexto de mudanças geopolíticas e pressões pela transição energética.
Ao lado de Angola e Guiné Equatorial, Moçambique reforça em Cape Town a mensagem de que o gás é uma peça-chave para o crescimento sustentável do continente. E, para o país, a presença na AEW 2025 poderá representar a abertura de uma nova etapa de confiança, integração e dinamismo económico, ancorada na energia como motor do desenvolvimento.
Fonte: O Económico
