Relatório internacional coloca Moçambique como segundo maior produtor comercializado da África Subsariana, com perspectivas de triplicar exportações e reforçar consumo interno
Moçambique atravessa uma fase decisiva na consolidação da sua posição como potência emergente do gás natural. Com o Coral Sul já em operação, Coral Norte em fase de preparação e o Mozambique LNG em relançamento, o país projeta-se como fornecedor estratégico para a Europa e Ásia, ao mesmo tempo que enfrenta o desafio de transformar este potencial em desenvolvimento interno sustentável.
De acordo com a S&P Global Commodity Insights, Moçambique ultrapassou Angola e tornou-se o segundo maior produtor comercializado de gás da África Subsariana, graças ao sucesso do Coral Sul LNG, projecto liderado pela italiana Eni, que explora o reservatório Mamba a partir de uma unidade flutuante de liquefacção em águas profundas.
O Coral Norte, que seguirá o mesmo modelo, promete expandir ainda mais a capacidade de exportação moçambicana, reforçando receitas e consolidando a reputação do país como parceiro energético global.
Já o Mozambique LNG, desenvolvido pela TotalEnergies na Área 1 da Bacia do Rovuma, é considerado um dos maiores empreendimentos de gás natural liquefeito no mundo. Apesar dos atrasos provocados por constrangimentos de segurança em Cabo Delgado, o projecto é visto como essencial para elevar Moçambique ao patamar dos grandes exportadores globais, com impacto directo na balança comercial, nas receitas fiscais e no investimento estrangeiro.
A nível global, o estudo da Commodity Insights estima que a produção de gás na África Subsariana poderá quadruplicar até 2040, com Moçambique, Nigéria, Senegal, Mauritânia e Tanzânia entre os principais beneficiários. A região, que hoje assegura 7% da oferta mundial de LNG, deverá atingir 13% até 2050.
Além do peso nas exportações, o gás natural é visto como vector de industrialização e transição energética interna. O relatório salienta que governos africanos, incluindo o de Moçambique, procuram criar condições regulatórias para que o gás sirva de base à geração eléctrica fiável, ao mesmo tempo que apoia sectores industriais como siderurgia, mineração e fertilizantes.
No entanto, persistem desafios. Muitos dos novos projectos estão em águas ultra-profundas, com custos de produção que podem variar entre US$ 2 e US$ 6/MMBtu, colocando pressão sobre a competitividade. A viabilidade exige infra-estruturas adequadas, quadros regulatórios transparentes e estabilidade política.
Perspectiva nacional
Para Moçambique, a prioridade é clara: transformar reservas em riqueza inclusiva. O governo tem sublinhado que os megaprojectos de gás devem ser acompanhados por conteúdo local, desenvolvimento de cadeias de valor internas e expansão da electrificação doméstica, num país onde o acesso à energia continua desigual.
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p style=”margin-top: 0in; text-align: justify; background-image: initial; background-position: initial; background-size: initial; background-repeat: initial; background-attachment: initial;”>Se bem geridos, Coral Sul, Coral Norte e Mozambique LNG podem não apenas reforçar a posição externa de Moçambique, mas também acelerar a industrialização, a modernização da agricultura (via fertilizantes) e a criação de empregos qualificados, consolidando o papel do país na nova geografia energética global.
Fonte: O Económico