Foi nesse âmbito que Ubiratã de Souza, doutorando em Literaturas Africanas no programa de pós graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, na Universidade de São Paulo abordou o tema: “Subsídios para uma história de géneros literários em Moçambique após a independência: o caso da poesia revolucionária e do romance (1977-1987)”.
Para o orador, a literatura moçambicana, particularmente a produzida entre 1977 e 1987, esteve directamente ligada às dinâmicas políticas e sociais do país vivenciadas neste mesmo período. Este facto gera, nos dias que correm, admiração em muitos países do mundo.
Na sua apresentação defendeu que, por ter andado atrelada à vida social e política do país, entre os anos de 1977 e 1987, a literatura moçambicana, sobretudo a poesia, provou ao mundo que a literatura é, afinal, uma actividade que pode exercer uma enorme influência nas pessoas.
“Dentro da pesquisa e da crítica literária temos sempre que nos perguntar sobre a razão da existência da literatura. No entanto, Moçambique exibiu, de forma clara, o papel preponderante que pode ser desempenhado pela literatura num determinado contexto histórico”, explicou.
No que compete à sua pesquisa, Ubiratã esclareceu que a mesma tem por objectivo “a construção de uma historiografia literária sobre Moçambique em todos os seus períodos, livre de preconceitos e de quaisquer questões que não advêm da leitura específica de textos, mas da busca da compreensão histórica da literatura moçambicana”.
Para a obtenção dos resultados da pesquisa, o académico avançou que, para além da leitura, “a interlocução com as pessoas que viveram esses períodos foi muito valiosa e rica”. Importa referir que Ubiratã Souza encontra-se em Moçambique há sensivelmente quatro meses para colher material ligado à literatura moçambicana para efeitos académicos.