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Moçambique na Cadeia Global de Veículos Eléctricos: Grafite de Balama será Utilizada pela Lucid Motors a partir de 2026

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A mina de Balama, localizada na província moçambicana de Cabo Delgado, será uma peça fundamental na cadeia de fornecimento da indústria de veículos eléctricos. A mineradora Syrah Resources, empresa australiana que explora o jazigo, anunciou um acordo de três anos com a Lucid Motors, fabricante norte-americana de automóveis eléctricos, para o fornecimento de grafite natural para baterias a partir de 2026.

O contrato envolve a fábrica da Syrah em Vidalia, nos Estados Unidos, que será abastecida com grafite extraída em Moçambique. Estima-se que o fornecimento atinja sete mil toneladas de material de ânodo activo (AAM) por ano, um componente crítico para a produção de baterias de iões de lítio.

A Lucid Motors e a Expansão da Indústria de Veículos Eléctricos

A Lucid Motors, sediada em Silicon Valley e cotada na bolsa Nasdaq, é uma das empresas mais inovadoras do sector dos automóveis eléctricos, competindo directamente com gigantes como a Tesla. O seu modelo Lucid Air, produzido no Arizona, é considerado um dos veículos eléctricos mais avançados do mundo em termos de eficiência energética e autonomia.

A partir de Janeiro de 2026, a fábrica da Vidalia fornecerá o material às unidades de produção da Lucid, garantindo uma cadeia de abastecimento estável de grafite natural para os fabricantes de baterias da marca.

A Syrah destaca que a integração entre a mina de Balama e a unidade de Vidalia representa uma vantagem competitiva única para a indústria de baterias dos EUA, num momento em que o governo norte-americano aposta na redução da dependência da China para a obtenção de minerais estratégicos.

A Importância Estratégica da Mina de Balama

A mina de Balama é uma das maiores reservas de grafite natural do mundo, tornando-se essencial para a cadeia global de fornecimento de baterias para veículos eléctricos.

Em Novembro, a Syrah recebeu um financiamento de 150 milhões de dólares da Development Finance Corporation (DFC), instituição financeira de desenvolvimento do governo dos Estados Unidos. O primeiro desembolso, no valor de 53 milhões de dólares, foi realizado no final de 2023. Este investimento tem como objectivo expandir a capacidade produtiva da mina e garantir a sua sustentabilidade a longo prazo.

Contudo, a Syrah alertou que novos desembolsos da DFC estão condicionados à normalização das operações em Balama, que foram temporariamente interrompidas devido a protestos pós-eleitorais em Moçambique.

“Enquanto as operações de Balama estiverem bloqueadas devido às acções de protesto, não será possível efectuar novos desembolsos de empréstimos da DFC”, afirmou a Syrah, garantindo que está em diálogo com as autoridades locais e parceiros internacionais para resolver a situação.

Produção de Grafite em Moçambique: Crescimento Acelerado

A exploração de grafite tem registado uma forte expansão em Moçambique, posicionando o país como um actor estratégico na transição energética global. Segundo previsões do governo, a produção nacional deverá atingir 329.040 toneladas em 2024, um crescimento de 180% em relação ao ano anterior.

Para se ter uma ideia da trajectória deste sector, Moçambique produziu 120 mil toneladas de grafite em 2020, mas esse volume caiu para 77.116 toneladas em 2021. Em 2022, a produção voltou a crescer, chegando a 182.024 toneladas, enquanto em 2023 registou 117.416 toneladas.

O aumento exponencial da produção reforça o papel de Moçambique na cadeia global de fornecimento de minerais essenciais para a transição energética e a mobilidade sustentável.

Desafios e Oportunidades para Moçambique

O fornecimento de grafite para a indústria de veículos eléctricos representa uma grande oportunidade económica para Moçambique, mas também levanta desafios em termos de infra-estrutura, segurança e maximização dos benefícios locais.

A dependência de investidores estrangeiros e a volatilidade do mercado global de minerais estratégicos podem condicionar o crescimento do sector. Além disso, há uma preocupação crescente sobre a necessidade de maior beneficiamento local dos recursos naturais, garantindo que parte do valor gerado pela exploração da grafite permaneça na economia moçambicana.

O sucesso deste projecto dependerá da capacidade do país em consolidar um ambiente de negócios estável, garantir segurança operacional para as empresas e reforçar a qualificação da mão-de-obra local para que mais moçambicanos possam beneficiar directamente deste crescimento.

A integração da grafite de Balama na cadeia produtiva da Lucid Motors demonstra o potencial de Moçambique como fornecedor estratégico de minerais críticos para a mobilidade eléctrica. O acordo com a Syrah coloca o país no centro da transição energética global, criando novas oportunidades económicas e consolidando a sua posição na indústria de baterias.

Contudo, desafios como a instabilidade social, a necessidade de beneficiamento local e o desenvolvimento de infra-estruturas logísticas precisam de ser superados para que Moçambique possa maximizar os benefícios deste crescimento acelerado.

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O futuro da exploração de grafite em Moçambique dependerá da capacidade de equilibrar investimentos estrangeiros, desenvolvimento local e uma estratégia de crescimento sustentável para o sector mineiro.

Fonte: O Económico

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