Início Economia Moçambique 2025: Entre Riscos Globais e a Urgência de Reformas Internas

Moçambique 2025: Entre Riscos Globais e a Urgência de Reformas Internas

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O ano de 2025 inicia-se num cenário macroeconómico global desafiador, caracterizado por crescimento moderado, riscos inflacionários e novas dinâmicas geopolíticas. Segundo previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, a economia mundial deve crescer apenas 3,2%, mantendo-se praticamente estagnada face aos valores registados em 2024.

Entre os factores que dificultam uma recuperação mais robusta, destacam-se as tensões comerciais entre os Estados Unidos e os seus principais parceiros comerciais, incluindo China, México, Canadá e Europa. A administração norte-americana tem imposto novas tarifas e medidas proteccionistas, visando fortalecer a economia doméstica. No entanto, estas políticas acabam por afectar as cadeias de abastecimento globais e criar pressões inflacionárias nos mercados emergentes, incluindo Moçambique.

Para o economista Oldemiro Belchior, entrevistado pelo “Semanário Económico”, estas mudanças no equilíbrio comercial internacional podem intensificar a volatilidade cambial e a pressão inflacionária no país. A valorização do dólar, uma consequência directa das políticas económicas norte-americanas, pode desvalorizar o metical, encarecendo as importações e aumentando os custos de bens essenciais.

Factores Internos: Fragilidades e Potencial de Recuperação

No plano interno, Moçambique enfrenta desafios económicos estruturais agravados pelas perturbações pós-eleitorais. O início do novo ciclo governativo ocorre num contexto de crescimento económico modesto, fragilidades fiscais e uma dependência excessiva de factores externos, como a exportação de gás natural e o Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

A dívida pública continua a ser um dos principais entraves à estabilidade macroeconómica. A falta de espaço fiscal limita a capacidade do Estado de lançar estímulos económicos eficazes, enquanto os altos níveis de endividamento tornaram Moçambique menos atractivo para investidores internacionais.

Neste sentido, o Banco de Moçambique adoptou recentemente medidas expansionistas, reduzindo as reservas obrigatórias em moeda estrangeira de 39,5% para 39% e em moeda nacional de 39% para 29%. Esta decisão visa aumentar a liquidez disponível no sistema financeiro. No entanto, Belchior alerta que a banca comercial pode preferir continuar a financiar a dívida pública, devido ao baixo risco associado, em vez de canalizar fundos para empresas privadas.

Necessidade de Reformas e Medidas para 2025

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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>A recuperação económica de Moçambique exige um conjunto de reformas estruturais eficazes e medidas de apoio ao sector produtivo. Uma das questões mais debatidas recentemente é a criação do Banco de Desenvolvimento, uma iniciativa governamental incluída no plano de 100 dias.

O economista Oldemiro Belchior considera que a criação de um Banco de Desenvolvimento pode ser um passo importante para corrigir falhas de mercado e melhorar o acesso ao financiamento produtivo. No entanto, alerta que o sucesso da medida depende de uma definição clara do modelo operacional e das fontes de financiamento. A implementação de um banco de raiz exige um processo longo, incluindo requisitos de licenciamento, estruturação de capital, instalação de infra-estruturas e recrutamento de recursos humanos qualificados.

Uma alternativa mais rápida e eficiente seria a reestruturação do Banco Nacional de Investimento (BNI), transformando-o num verdadeiro banco de desenvolvimento. O BNI já tem infra-estrutura operacional, um quadro regulatório estabelecido e experiência no financiamento de projectos estratégicos. Reorientar a sua missão e ampliar os instrumentos de financiamento poderia ser a solução mais pragmática para estimular a economia sem os elevados custos associados à criação de um novo banco.

Além desta reforma, é fundamental que o Governo flexibilize o pagamento das dívidas do Estado ao sector privado, garantindo liquidez para as empresas e reduzindo o efeito de estrangulamento financeiro. A criação de um Fundo de Garantia Mutuária seria igualmente essencial para permitir que as pequenas e médias empresas acedam ao crédito com taxas de juro mais competitivas e prazos ajustados às suas realidades.

Moçambique precisa de uma abordagem pragmática e bem coordenada para garantir uma recuperação sustentável. A economia só conseguirá retomar um ciclo de crescimento mais sólido se houver reformas consistentes, diversificação económica e um compromisso sério com a melhoria do ambiente de negócios.

Fonte: O Económico

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