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O mais recente relatório CPIA do Banco Mundial posiciona Moçambique como um dos países que mantêm uma pontuação média estável, mas cuja estrutura institucional e económica permanece frágil. Embora se reconheçam avanços na área social e alguma estabilidade monetária, a pressão fiscal, a fraca governação e a dependência de sectores voláteis limitam a capacidade de transformação económica sustentável.
Moçambique atingiu uma pontuação global de 3,1 no CPIA 2025, colocando-se em linha com a média da África Subsariana, mas sem registo de progresso real face ao ano anterior. A análise por clusters evidencia uma performance positiva nas Políticas para Inclusão Social e Equidade (3,4), mas também um desempenho inferior à média na Gestão Económica (2,8) — sinal claro das vulnerabilidades estruturais persistentes no plano macroeconómico e fiscal.
O relatório salienta que, apesar da adopção de medidas de flexibilização monetária por parte do Banco de Moçambique — como a redução da taxa de juro de política monetária para estimular a economia —, a recuperação dos sectores não extractivos continua débil, limitando o crescimento inclusivo. A concentração de receitas no sector do gás natural, aliada à volatilidade das exportações e à pressão sobre as contas públicas, mantém elevado o risco fiscal e de endividamento.
No campo institucional, os progressos na governação foram considerados marginais, com o relatório a apontar fragilidades nos mecanismos de prestação de contas, transparência e participação pública nos processos de decisão. Os direitos de propriedade, o ambiente de negócios e a regulação do sector financeiro continuam a exigir reformas estruturais mais profundas.
Por outro lado, Moçambique beneficia de uma trajectória relativamente positiva em políticas sociais, nomeadamente nas áreas da educação básica, saúde e protecção social. Estas áreas destacaram-se como âncoras de estabilidade e mitigação do impacto das crises, incluindo choques climáticos e insegurança alimentar.
No entanto, a desconexão entre estabilidade social e fragilidade económica constitui uma ameaça à consolidação do desenvolvimento. O Banco Mundial alerta que, sem reformas robustas e sustentadas, Moçambique corre o risco de prolongar um ciclo de vulnerabilidade que compromete as suas ambições de crescimento sustentável e inclusão económica.
Fonte: O Económico