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Mozambique LNG sofre novo adiamento

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A TotalEnergies anunciou um novo adiamento do Projecto Mozambique LNG, avaliado em 20 mil milhões de dólares, devido a preocupações com a segurança e à instabilidade política que se seguiu às eleições presidenciais de Outubro de 2024. Este projecto, localizado na rica Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, é considerado uma das maiores apostas para transformar a economia moçambicana e posicionar o país como um importante exportador de gás natural liquefeito (GNL).

Projecto Mozambique LNG: Um pilar estratégico para Moçambique

O Projecto Mozambique LNG é o maior investimento directo estrangeiro em África até à data, com uma capacidade estimada de produção de 13 milhões de toneladas de GNL por ano. A TotalEnergies, que detém uma participação de 26,5%, posiciona o projecto como uma peça fundamental no seu portfólio global de produção de gás natural, juntamente com investimentos em países como Qatar, México, EUA, Nigéria e Omã.

No entanto, a sua implementação foi interrompida em 2021, quando a empresa declarou força maior devido aos ataques insurgentes em Cabo Delgado. Esses ataques resultaram na morte de dezenas de pessoas, incluindo trabalhadores estrangeiros, e no deslocamento de centenas de milhares de residentes.

Impactos da instabilidade política e segurança em Cabo Delgado

A violência que se seguiu às disputadas eleições presidenciais de 2024 adicionou novos desafios à retomada do projecto. Os distúrbios pós-eleitorais deixaram mais de 350 mortos, forçaram o encerramento de fronteiras e interromperam actividades económicas cruciais. Além disso, o candidato da oposição, Venâncio Mondlane, autoproclamado “Presidente eleito pelo povo”, ameaçou convocar novos protestos caso as suas exigências, incluindo a isenção do IVA sobre produtos básicos, não sejam atendidas.

O Presidente recém-empossado, Daniel Chapo, destacou em sua campanha a prioridade de restabelecer a paz em Cabo Delgado e de facilitar o levantamento da cláusula de força maior. Apesar de progressos no terreno, como a presença de 4.000 soldados ruandeses enviados para combater a insurreição, a TotalEnergies continua a considerar a situação insuficientemente estável para retomar as operações.

Desafios de financiamento e a importância geopolítica do GNL

Além das questões de segurança, o projecto enfrenta incertezas financeiras. Um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares dos EUA foi congelado após a declaração de força maior, e o Reino Unido encerrou o financiamento à exportação de projectos de combustíveis fósseis. Esses factores colocam em risco o cronograma para iniciar a produção de GNL até 2029.

Apesar dos desafios, a TotalEnergies mantém o projecto como uma prioridade devido à crescente procura por GNL, especialmente nos mercados asiáticos. A localização de Cabo Delgado no Oceano Índico oferece uma vantagem competitiva, permitindo atender à procura de mercados asiáticos de forma mais eficiente do que os projectos voltados para o Atlântico.

Potencial económico e riscos futuros

Se retomado, o Projecto Mozambique LNG tem o potencial de gerar receitas substanciais, criar milhares de empregos e transformar Moçambique numa potência global de exportação de GNL. No entanto, os atrasos ameaçam não apenas os planos da TotalEnergies, mas também as expectativas do Governo moçambicano de alavancar o projecto para estimular o crescimento económico e melhorar as condições de vida da população.

A longo prazo, a retomada do projecto dependerá de uma estratégia eficaz para garantir a segurança em Cabo Delgado, estabilizar o ambiente político e mobilizar o financiamento necessário. A criação de confiança entre investidores e a população local será igualmente fundamental para o sucesso do maior investimento directo estrangeiro em África.

Fonte: O Económico

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