Início Artigos de Opinião Onda de terrorismo em África ameaça estabilidade e desenvolvimento do continente

Onda de terrorismo em África ameaça estabilidade e desenvolvimento do continente

0
Foto: RTP africa

Por: Gentil Abel

Artigo de opinião

África enfrenta, na última década, uma escalada de ataques terroristas que abalam a estabilidade de diversos países e colocam em risco os esforços de desenvolvimento e integração regional. O fenómeno, concentrado sobretudo no Sahel, na África Ocidental e no Corno de África, tem-se expandido para outras regiões, levantando preocupações sobre segurança, governança e direitos humanos.

O Sahel continua a ser a região mais afectada. Países como Mali, Burkina Faso e Níger registam ataques quase semanais de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao autoproclamado Estado Islâmico. Nesses ataques, milhares de civis têm perdido a vida e milhões foram deslocados das suas comunidades, criando, assim, uma das maiores crises humanitárias do mundo.

Nesse contexto, as populações locais encontram-se, muitas vezes, entre dois fogos: de um lado, a violência dos grupos armados; de outro, as operações militares que, em alguns casos, resultam em abusos contra civis.

Paralelamente, a Nigéria continua a enfrentar ataques do Boko Haram. E apesar das operações militares, os grupos insurgentes mantêm capacidade de recrutamento, aproveitando-se do desemprego, da pobreza e do descontentamento juvenil. Além disso, países vizinhos, como Chade, Camarões e Benim, também já sentem os efeitos da expansão jihadista.

Do mesmo modo, na Somália, o grupo Al-Shabaab mantém ataques regulares contra civis e forças de segurança, estendendo a sua ação ao Quénia e à Etiópia.

Mais recentemente, a África Austral entrou no mapa do terrorismo. Moçambique tem enfrentado, desde 2017, a insurgência armada na província de Cabo Delgado, associada ao Estado Islâmico. Milhares de mortes, deslocamentos forçados e destruição de infraestruturas marcaram a região, exigindo a intervenção de forças estrangeiras, incluindo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda.

Sendo assim, o caso moçambicano expôs que o terrorismo não se limita às zonas historicamente instáveis do continente, mas pode emergir em regiões ligadas a recursos naturais estratégicos, como o gás natural.

Por fim, é necessário perceber que o terrorismo ameaça não só a segurança, mas também o desenvolvimento económico. Nesse sentido, a onda de terrorismo em África não deve ser vista apenas como um problema de segurança; é fundamental criar uma abordagem integrada que una desenvolvimento, educação, justiça social, inclusão e segurança. Sem estes componentes, o continente corre o risco de perpetuar um ciclo de violência que mina o futuro das suas populações e de futuras gerações.

 

 

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

Exit mobile version